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Explosão em Beirute: Trump fala em ataque

Há mais de cem mortos e quatro mil feridos até ao momento. Causa da explosão num armazém com 2.750 toneladas de nitrato de amónio não foi determinada mas o primeiro-ministro do país diz que as condições de armazenamento eram “inadmissíveis”.
Explosão em Beirute. Foto de WAEL HAMZEH/EPA/Lusa.
Explosão em Beirute. Foto de WAEL HAMZEH/EPA/Lusa.

Duas violentas explosões foram sentidas esta terça-feira em Beirute, a capital do Líbano. Estas ocorreram na zona do porto da cidade, num armazém onde se encontravam 2.750 toneladas de nitrato de amónio, um fertilizante que também pode ser utilizado para fazer explosivos. Vitimaram, pelo menos cem pessoas e causaram mais de quatro mil feridos. Há ainda um número não determinado de desaparecidos.

Ainda sem indicar uma causa concreta num país abalado pela tragédia, o primeiro-ministro Hassan Diab considerou que “é inadmissível que um carregamento de nitrato de amónio, estimado em 2.750 toneladas, estivesse há seis anos num armazém, sem medidas de precaução. É inaceitável e não podemos calar-nos sobre esta questão”. Foram partilhados nas redes sociais vídeos que mostravam a existência de um incêndio antes dos rebentamentos. E as televisões locais indicam que havia um armazém de fogos de artifício na mesma zona.

Depois da reunião do Conselho Superior de Defesa, no qual foi recomendado que o governo decretasse estado de calamidade durante duas semanas, o governante acrescentou: “não vamos descansar enquanto não encontrarmos o responsável pelo que se passou, para que preste contas".

Onde o governo local tem dúvidas, Trump parece ter mais certezas. O presidente norte-americano diz que falou os generais do seu país “e parece que não foi um acidente industrial. Parece, segundo eles, que foi um ataque, uma bomba”.

O acidente atinge um país que sofre uma grave crise económica e política. Para além disso, a pandemia também está a causar vítimas e o sistema de saúde está já debilitado. Um dos maiores hospitais privados da cidade, o Saint George University Hospital, foi também atingido pelas explosões e 16 pessoas morreram no local. Já no fim de semana passado os médicos diziam que os recursos sanitários do país tinham excedido a sua capacidade.

Com a destruição de parte importante da zona portuária, uma das portas de entrada mais importantes de bens de primeira necessidade no país fica comprometida. Também vários silos onde estava armazenados cerca de 85% do stock de cereais foi destruídos e o país depende largamente da importação.

Uma onda de mobilização popular tem respondido à crise desde o outono passado, acusando o poder de corrupção, exigindo alterações profundas e o fim da austeridade. Os serviços públicos básicos falham, com a falta de água potável e as quebras permanentes no sistema elétricos. A inflação tornou-se galopante (desde março os preços da maior parte dos produtos triplicaram), a moeda desvalorizou 80%. Metade da população vive abaixo do limiar da pobreza e 35% das pessoas estão desempregadas. O país entrou em incumprimento da dívida externa e está presentemente a negociar um acordo com o FMI.

Depois de terem levado à demissão do anterior primeiro-ministro, Saad Hariri, com a chegada do coronavírus, as manifestações pararam. Estavam agora a voltar. Até porque a crise continua. Esta terça-feira ocorreram manifestações. Os protestos foram contra os cortes de energia e alguns manifestantes conseguiram romper o cordão de segurança policial e acampar por alguns momentos no pátio do ministério da Energia, tendo depois sido retirados à força pela polícia anti-motim.

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