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Covid-19: Morte de 16 pessoas em lar de luxo no Porto envolta em secretismo

Um surto de covid-19 na Residência Montepio no Porto registou 16 mortes em 48 infetados, entre eles 29 utentes e 19 profissionais. Os dados só foram disponibilizados pela Administração Regional de Saúde depois de várias insistências do jornal Público.
Residências Montepio
Foto de Residências Montepio | Facebook de aeiou

Segundo o jornal Público, um surto de covid-19 afetou um lar de luxo no Porto, a Residência Montepio na rua do Breiner, e provocou a morte de dezasseis pessoas. O surto deixou 48 infetados, entre eles 29 utentes e 19 profissionais. Três pessoas ainda estão internadas.

Os dados foram disponibilizados pela Administração Regional de Saúde (ARS) ao jornal Público depois de vários pedidos e de ameaçar que se iria noticiar a situação com a morte de 14 das 24 pessoas internadas, de acordo com dados obtidos junto de fonte hospitalar.

O surto foi detetado no início de agosto, mas as informações relativas a esta situação só foram dadas esta segunda-feira, apesar da insistência do jornal para fazer esse balanço desde meados da semana passada. A ARS não esclareceu se as dezasseis mortes são referentes a utentes ou a profissionais que trabalhavam no lar.

Uma fonte do Hospital de Santo António informou ao jornal Público que as mortes seriam referentes a utentes da instituição, muitos com uma saúde muito frágil, acamados e com um quadro de demência avançado.

A taxa de letalidade na Residência Montepio no Porto é elevada, sendo de 55% do total de infetados. O número de óbitos foi igual aos do lar de Reguengos de Monsaraz, mas aí a taxa de letalidade foi de 20%.

Ao contrário dos relatos das condições do lar de Reguengos, este lar de luxo no Porto conta com excelentes instalações. Por exemplo, todos os quartos individuais têm casa de banho própria.

A Residências Montepio, que conta com oito instalações por todo o país, enviou na passada sexta-feira uma nota ao jornal Público sem informar o número de infetados ou vítimas mortais. Os números disponibilizados agora pela ARS são diferentes dos avançados pela entidade no dia 10 de agosto, quando garantia que o surto estaria controlado. Nunca foi noticiado nenhum óbito até agora.

O Presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, onde se situa este lar na antiga freguesia de Cedofeita, informa que nunca houve pedidos de ajuda por parte da instituição, o que compreende devido aos meios financeiros e humanos do lar, mas estranha o secretismo que envolve o caso.

Por sua vez, a Ordem dos Médicos informa que não pode fazer auditoria ao surto de covid-19 no lar de luxo porque não recebeu qualquer participação de doentes, familiares ou profissionais. A DGS garante que situação deste lar “teve a adequada intervenção das autoridades de saúde locais”.

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