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“Contenção orçamental fica mais cara ao país e tem preço social trágico”

Após a reunião da Mesa Nacional, Catarina Martins afirmou que adiar investimentos necessários para controlar a pandemia “tem sido uma má política”. E que é preciso generalizar os testes de rastreio, acelerar o processo de vacinação e contratar técnicos para a realização de inquéritos epidemiológicos.
Foto de Rodrigo Antunes, Lusa.

A coordenadora bloquista falou com os jornalistas em conferência de imprensa na sede nacional do partido após a reunião da Mesa Nacional que decorreu este sábado.

Leia aqui a RESOLUÇÃO POLÍTICA DA MESA NACIONAL DO BLOCO DE ESQUERDA de 6 de março

Catarina Martins destacou dois pontos da ordem de trabalhos. No que respeita à Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, a Mesa Nacional decidiu manter a sua data, prevista para 22 e 23 de maio, e o modelo presencial. Tendo em consideração que em maio não estará assegurada a imunidade face à covid-19 e que as medidas sanitárias vão permanecer de alguma forma, o órgão de direção do partido deliberou que a Convenção terá metade dos delegados/as e que não contará com a presença de aderentes não delegados. Será garantida a transmissão integral online do encontro. Todas as propostas apresentadas no sentido de manter a proporcionalidade e a representatividade das várias sensibilidades do Bloco na Convenção Nacional foram integradas no Regulamento e Regimento da mesma.

No que concerne à Resolução Política aprovada, Catarina Martins deu ênfase à resposta à crise pandémica, à capacidade de o país logo que seja possível, começar a desconfinar. Nesse sentido, reiterou a necessidade de garantir o atempado investimento na área da saúde pública.

“Sem aumentarmos os testes, sem acelerarmos a vacinação e sem fazermos o rastreio epidemiológico de todos os contactos, uma reabertura pode ter como consequência uma nova vaga pandémica”, vincou.

Catarina Martins assinalou que “há todas as condições para preparar uma reabertura que não resulte numa nova vaga preocupante se estes investimentos forem feitos”.

“A ideia da contenção orçamental ou de adiar despesas que são fundamentais para controlar a pandemia fica mais cara. Fica mais cara ao Estado, fica mais cara à economia e tem um elevado preço do ponto de vista social, trágico até. E é por isso que não se pode adiar mais a despesa”, referiu.

De acordo com a dirigente do Bloco, “não se pode adiar mais a contratação dos técnicos necessários à Saúde Pública para seguirem os contactos das pessoas infetadas e assim conseguirem prevenir mais contágios”. Assim como não se pode adiar a generalização de testes de rastreio, com o apoio de todas as entidades públicas, nomeadamente as autarquias, e a implementação de mecanismos concretos que permitam acelerar o mais possível o processo de vacinação.

“Adiar investimentos tem sido uma má política”, apontou Catarina Martins.

Regras do Tratado Europeu têm-se “mostrado incapazes em todas as crises”

A coordenadora bloquista fez referência ao debate europeu em curso sobre o investimento para a recuperação, ressalvando que há “duas questões que não estão ultrapassadas”.

Em causa estão os meios de financiamento da União Europeia e as regras do Tratado Orçamental e o período da sua suspensão.

Catarina Martins lembrou que, aquando da crise financeira internacional, “as regras que impedem os países de responder à crise foram suspensas num primeiro momento mas quando voltaram criaram graves problemas a países periféricos da zona euro como Portugal”.

De acordo com a dirigente do Bloco, em vez de estarmos a debater quanto dura a suspensão, cuja data de término apontada pela Comissão Europeia, e que tem o apoio do PS, é 2023, devíamos estar a ter um debate sobre a revogação das regras que “se têm mostrado incapazes em todas as crises”

Catarina Martins defendeu ainda que a “União Europeia pode e deve fazer mais na universalização das vacinas” e recordou o alerta de António Guterres, no sentido de que “a não universalização da vacina é um processo de falência global”.

A coordenadora bloquista referiu-se também à aprovação do Manifesto Autárquico do partido e reiterou o compromisso do Bloco “em tudo fazer para revogar alterações à lei eleitoral que impedem a candidatura de listas de candidaturas independentes de cidadãos”.

Relembrando que segunda-feira é Dia Internacional dos Direitos das Mulheres, Catarina Martins enfatizou a necessidade de assegurar políticas de igualdade. A pandemia tem consequências agravadas para as mulheres e a violência doméstica “está mais escondida mas permanece nas casas confinadas”.

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