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Comissão de Trabalhadores acusa Super Bock de se aproveitar da pandemia para despedir

Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores da Super Bock denuncia o que considera ser um aproveitamento por parte da empresa da pandemia para despedir trabalhadores e reduzir salários, mesmo continuando o grupo com ótimos resultados.
Foto de Mathieu THOUSEAU/Flickr

Na passada terça-feira, a Super Bock Group anunciou que iria proceder ao despedimento de 10% dos trabalhadores, alegando o impacto da pandemia. A Comissão de Trabalhadores reagiu em comunicado citado pela Agência Lusa, no qual pode ler-se que “é garantido que estamos perante um ignóbil aproveitamento do cariz emocional da pandemia para, a pretexto disso, promover uma cega redução de custos, pondo em prática opções estratégicas de gestão ideológica que poderão validar os rumores que dão conta da intenção de venda da quota da empresa que ainda é nacional, para mãos estrangeiras”.

Para a Comissão de Trabalhadores, esta decisão é incompreensível quando se aproxima uma altura do ano em a empresa precisará de mais trabalhadores, reconhecendo também que a “descapitalização humana “já não é de agora e que tem vindo a ocorrer há uns anos a esta parte".

Os representantes dos trabalhadores referem que tem havido recurso a trabalho suplementar e que há mesmo trabalhadores a desempenhar as suas funções 24 horas por dia, indicando que “com o processo de desconfinamento social, a fábrica assumiu níveis de produção de quase 100%, em alguns casos acima disso”.

Referem também que “a empresa tem atingido resultados extraordinários, permitindo que se financie a si própria, mantendo os índices de endividamento em valores residuais, sem necessidade de qualquer injeção de capital por parte dos acionistas, que se limitam a, anualmente, vir recolher os lucros”, para além de ter uma boa saúde financeira, a julgar pela “recente aquisição dos terrenos adjacentes à fábrica, sem propósito definido, precavendo eventuais necessidades de expansão, por um custo perto dos 5 milhões de euros”.

A CT afirma ainda que “o interesse incide exclusivamente no corte com salários, mostrando que o acessório, supérfluo e luxuoso, para benefício dos mesmos, são inalienáveis”, tendo em conta a renovação da frota automóvel para a administração e para os diretores. E considera ainda que as afirmações reiteradas da empresa de preocupação com as pessoas é “mera propaganda corporativa”.

Será agora organizado um plenário de trabalhadores para discutirem estas questões, segundo a Comissão de Trabalhadores.

Também em comunicado, na passada terça-feira, a empresa declara uma "significativa redução da atividade do Super Bock Group provocada pelo efeito da pandemia covid-19, bem como o cenário de recessão previsto para o futuro próximo, forçam a empresa a reajustar a sua estrutura para defender e proteger a sustentabilidade do grupo", salientando também o impacto negativo resultante da paragem dos hotéis, restaurantes e cafés no mercado de bebidas.

A empresa, que segundo o relatório de 2018 teria 1.310 trabalhadores, dos quais 1.060 seriam efetivos, sublinha que “esta difícil decisão implica um reajustamento que afetará cerca de 10% da força de trabalho em diferentes áreas da organização" com início este mês de junho".

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