Em apenas seis meses, a ex-sociedade do Grupo Espírito Santo, Escom UK, que assessorou o consórcio alemão na venda de dois submarinos ao Estado português, transferiu 20, 2 milhões de euros para duas contas bancárias off shore de titular desconhecido. Em causa está o pagamento de subornos, avança a edição desta segunda-feira do Correio da Manhã.
Segundo um documento que consta nos autos do inquérito do DCIAP, o primeiro pagamento foi feito no dia 29 de dezembro de 2004. “A Escom UK recebe o pagamento das faturas emitidas à Man Ferostaal [integrante do consórcio alemão que vendeu os submarinos], na sua conta da sucursal de Londres do BES, o valor de 21,3 milhões de euros. No dia seguinte, a 30 de dezembro, a Escom UK transfere da sua conta, da sucursal de Londres do BES, o valor de 19 milhões de euros para conta desconhecida, com a referência BES Cayman”.
No ano seguinte, “a 4 de julho, a Escom UK recebe o valor de 1,2 milhões de euros da Man Ferrostaal. No dia seguinte, a 5 de julho, a Escom UK transfere o valor de 1,2 milhões de euros para conta não identificada, com a referência Escom Espírito Santo Com”.
O documento a que o jornal teve acesso faz parte do auto de inquérito do DCIAP, feito ao advogado Bernardo Ayala, representante do Estado português no negócio dos submarinos, o caso foi arquivado a junho de 2012. O relatório faz parte de uma perícia da responsabilidade da consultora Inteli para o inquérito à compra dos submarinos, em investigação desde agosto de 2006.
Contrato foi assinado por Paulo Portas
A compra dos submarinos à empresa alemã German Submarine Consortium foi sancionada pelo então ministro da Defesa e líder do CDS Paulo Portas, a 21 de abril de 2004. Nessa mesma altura, foram também contratualizadas as contrapartidas para o Estado portuguẽs. Em setembro, desse mesmo ano, o Tribunal de Contas dá luz verde ao negócio.