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Bloco quer Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco

A deputada Mariana Mortágua anunciou a iniciativa e criticou Mário Centeno por se recusar a enviar ao Parlamento a auditoria interna do Banco de Portugal à resolução do BES, que ele próprio tinha pedido enquanto ministro e foi recusada pelo anterior governador.
Foto de Paulete Matos.

Numa conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, a deputada Mariana Mortágua anunciou que o Bloco vai propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco.

A deputada refere que “em 2014, o Banco de Portugal (BdP) e o governo de PSD e CDS garantiram ao país que o Novo Banco era um banco limpo depois da resolução. Em 2017, foi a vez do governo do Partido Socialista e mais uma vez do BdP garantirem ao país que a venda do Novo Banco à Lone Star iria limitar as perdas para os contribuintes. Hoje sabemos que nada disto aconteceu e que essas garantias eram falsas e o Novo Banco já gastou 8 mil milhões de euros”.

Segundo Mariana Mortágua, existe um documento essencial para apurar as responsabilidades do BdP na resolução do Banco Espírito Santo (BES) e “esse documento é uma auditoria interna feita pelo próprio BdP a atuação do regulador na resolução do BES”.

Há anos que este documento é pedido pela Assembleia da República e pelo governo. Com a entrada de um novo governador no BdP, Mário Centeno, o Bloco voltou a fazer esse pedido. A resposta foi dada hoje e segundo a bloquista, “o governador Mário Centeno recusa-se a enviar a auditoria feita à resolução do BES, contrariando as posições do governo, incluindo enquanto fazia parte como ministro das Finanças”.

Posto isto, “o Bloco de Esquerda não aceita a resposta e tentará por todos os meios obter este documento que é essencial para apurar as responsabilidades do BdP e para compreender as perdas que hoje todos os contribuintes estão a pagar no Novo Banco”, disse a deputada.

Sobre o processo de venda em 2017 e a auditoria da Deloitte, Mariana Mortágua frisa que “não nos permite apurar a gestão atual do Novo Banco, nomeadamente no que diz respeito à venda de carteiras de crédito que como todos sabemos, já foi público, foram feitas com enormes descontos”. A auditoria não tira conclusões sobre conflitos de interesses, sobre o preço da venda e alternativas de venda e por isso, o Bloco considera que “o Parlamento não tem dois dos elementos essenciais para poder fazer uma avaliação dos atuais prejuízos no Novo Banco”.

Mariana Mortágua anunciou que o Grupo Parlamentar do Bloco vai avançar com uma Comissão de Inquérito porque “queremos apurar responsabilidades, não desistimos de proteger o interesse público e não aceitamos este buraco do Novo Banco tenha que ser pago com o dinheiro de todas e todos os contribuintes portugueses. Procuraremos transparência e procuraremos encontrar as decisões que deveriam ter sido evitadas e também os seus responsáveis, sejam eles instituições públicas como o BdP ou a gestão privada atual do Novo Banco. Devemos isso a todos os trabalhadores que com os seus impostos estão a pagar este enorme buraco”.

A deputada lembra que o Novo Banco já custou 8 mil milhões de euros aos portugueses.

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