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Bloco quer acesso ao relatório completo da auditoria ao Novo Banco

Mariana Mortágua defende que não há nenhuma razão para que o relatório entregue ao Parlamento se mantenha confidencial. Quanto ao conteúdo da auditoria, ele deixa sem resposta a questão essencial: está a Lone Star a enganar os contribuintes portugueses?
José Sena Goulão/Lusa

Em conferência de imprensa após receber o relatório da auditoria da Deloitte à gestão do BES e do Novo Banco entre 2000 e 2018, Mariana Mortágua começou por dizer que à primeira vista “não há nenhuma razão para que ela se mantenha confidencial”. A deputada bloquista sublinha que na versão entregue aos deputados não consta qualquer dado pessoal de clientes do banco.  Por isso insistiu que a Assembleia da República tem que ter “todos os dados para poder analisar o que se passou no BES e no Novo Banco”, pelo que requereu em seguida que o Parlamento tenha acesso ao relatório completo da auditoria, incluindo a informação e a identificação das entidades envolvidas nas operações de crédito do BES e do Novo Banco.

Quanto ao documento que chegou ao Parlamento, Mariana Mortágua defende que ele possa ser divulgado publicamente “desde já”, uma vez que não tem nenhum dado que seja confidencial.

O jornal Público anunciou no início da tarde que a auditoria ainda vai ficar sob sigilo durante algum tempo, estando neste momento a ser verificada pelos serviços jurídicos da Comissão de Orçamento e Finanças e pelo Governo, que estão a identificar que partes do relatório justificam a sua classificação como confidencial. Depois deste processo em que serão expurgadas as partes que supostamente justificariam o sigilo, o resto do relatório será tornado público.

Sobre o conteúdo da auditoria, a deputada bloquista diz que muito do que consta no documento já é do conhecimento público. É o caso das imparidades acumuladas durante entre 2000 e 2018, no valor de 6 mil milhões de euros, resultantes de operações de crédito concedidas sob o comando de Ricardo Salgado. A auditoria descreve alguns detalhes destas operações mas sem nunca revelar os nomes dos clientes.

Para Mariana Mortágua, a auditoria permitiu confirmar que “o processo de venda do Novo Banco foi ruinoso, as regras do contrato de venda foram ruinosas, não foram criados mecanismos que permitissem verificar a gestão do Novo Banco”. Além disso, a deputada acrescenta que “o Governo e o Novo Banco fizeram mal em aceitar as regras da Comissão Europeia que impuseram um processo apressado de venda de ativos”.

Por fim, a auditoria permite ainda saber que, em 2017, “no momento em que se fez a venda, em que o Estado ficou com os prejuízos mas os benefícios foram para o fundo Lone Star, nesse momento todos os créditos ruinosos explodiram”, prosseguiu.

Apesar de todas estas informações, Mariana Mortágua diz que esta auditoria não responde à questão de saber se as perdas poderiam ter sido evitadas. Nem mesmo, concluiu a deputada do Bloco, saber se “a Lone Star está a enganar o Governo Português e os contribuintes, obrigando o Governo a pagar por prejuízos que poderiam ter sido evitados”, como os dos casos que vieram a público nos últimos meses sobre carteiras de ativos e de bens imobiliários vendidas com enorme desconto e com o dinheiro da venda a ser coberto por empréstimo do próprio banco vendedor.

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