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Atentados da extrema-direita aumentaram 320%, diz Interpol

Europa Ocidental, América do Norte e Oceania são os principais alvos do terrorismo de extrema-direita. Secretário-geral da Interpol lamenta que a troca de informação entre países não esteja ao mesmo nível do combate à al-Qaeda ou Estado Islâmico.
Jürgen Stock
Jürgen Stock, secretário-geral da Interpol. Foto Interpol/Instagram

Em entrevista ao Washington Post, o secretário-geral da Interpol afirma que nos últimos anos, o número de casos de ataques terroristas da extrema-direita aumentou 320%, sobretudo em países da Europa Ocidental, América do Norte e Oceania. Em muitos destes casos, “as redes sociais foram usadas como uma espécie de incubadora, enquanto modus operandi para quaisquer ideias”, afirma Jürgen Stock.

O responsável da Interpol teve de atualizar a entrevista dada ao diário norte-americano, feita no início do mês, na sequência dos ataques de Hanau, que fizeram 10 mortos para além do autor do massacre naquela cidade alemã. Stock, também ele alemão, não tem dúvidas sobre “o pano de fundo xenófobo e de direita de todo este caso” e diz que o próximo passo será perceber “se existe uma rede nacional ou internacional envolvida” na preparação do ataque, uma vez que o autor passou completamente despercebido ao radar policial.

Hanau

Marisa Matias

Para o secretário-geral da Interpol, o que é necessário é que toda a gente perceba que “isto é terrorismo”, dando o exemplo da célula de extrema-direita apanhada pela polícia alemã dias antes dos ataques de Hanau.

Jürgen Stock defende que seja aplicado ao terrorismo da extrema-direita “a metodologia bem sucedida que seguimos em relação a outros grupos terroristas como o Estado Islâmico, a solidariedade global para o enfrentar e que levou a um novo nível nunca antes visto de partilha de informação entre países”.

E diz que a Interpol está pronta a usar “a nossa ferramenta mais forte — os alertas vermelhos e outros alertas — que existem com base na informação fornecida pelos países membros”, uma vez que essas ferramentas usadas para o combate à al-Qaeda e ao Estado Islâmico “não há razão para não as usar em relação ao terrorismo da extrema-direita”. No entanto, o responsável da Interpol lamenta que a informação partilhada pelos países no combate a estas redes terroristas de extrema-direita não esteja nem de perto nem de longe ao nível daqueles dois grupos. “Talvez a dimensão internacional não seja tão óbvia como no caso do Estado Islâmico, há portanto mais trabalho a ser feito, mas ele começa pela partilha da informação relevante. Essa é a única forma de vermos o panorama inteiro” da ameaça, conclui Stock.

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