Angola: Ministério dos Transportes compra prédio a amigo do ministro

10 de November 2021 - 20:15

Em causa está o negócio de compra e venda dos edifícios Welwitschia Business Center e Chicala envolvendo o ministro dos Transportes e um amigo de longa data. A situação foi transmitida à Procuradoria-Geral da República pelo ativista e jornalista Rafael Marques de Morais.

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Campanha contra a corrupção promovida pela PGR de Angola - Foto retirada do Maka Angola

A compra de dois prédios por parte do Ministério dos Transportes angolano está a criar polémica, já que envolveu também um amigo de longa data do ministro. O ativista e jornalista angolano Rafael Marques de Morais solicitou uma investigação à Procuradoria-Geral da República (PGR), de acordo com o site Maka Angola.

Na exposição feita à PGR, Rafael Marques refere que “o Presidente da República autorizou, pelo despacho presidencial nº159/21, de 23 de setembro, a aquisição de dois imóveis, em Luanda, no valor de 114 milhões de dólares norte-americanos, para acomodação dos serviços públicos do Ministério dos Transportes e da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola”.

Os prédios em questão são o Welwitschia Business Center (WBC), situado na rua Frederico Welwitsch, e o edifício Chicala, com uma área de 10.640 m2 e de 6.369 m2, respetivamente.

No entanto, na documentação entregue à PGR, apresenta-se os dois últimos andares do WBC como apartamentos de luxo levantando assim algumas dúvidas, já que “um Ministério não serve para ser habitado pelos seus funcionários”.

A construção do WCB, datada de 2011, custou menos de 30 milhões de dólares, mas esteve à venda durante vários anos por 45 milhões de dólares. Por isso é que o valor efetuado no recente negócio, 91 milhões de euros, gera dúvidas ao ativista Rafael Marques de Morais, que o considera como “empolado e excessivo”.

A propriedade do WBC é da Transporte de Carga a Granel, Lda (TCG) e tem como diretor-geral e proprietário Rui Óscar Ferreira Santos Van Dunem, amigo próximo e de infância do atual ministro dos Transportes, Ricardo Daniel Sandão Queirós Viegas D´Abreu.

Rafaela Marques aponta três factos fundamentais que podem justificar a investigação criminal: A inadequabilidade do WBC para a função que era suposto desempenhar, sobrevalorização do preço de compra e venda, tal como a amizade e relação de compadrio entre o ministro e o vendedor do prédio.

O ativista e jornalista justifica esta decisão com o apelo feito pela PGR em campanha pública com o slogan “um país sem corrupção depende de nós; um país sem corrupção depende de mim, de ti e de todos nós”.