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ANA avança com rescisões e cortes salariais

Presidente da empresa informou os trabalhadores que vai ser feita uma reestruturação das equipas, mediante um “plano de saídas voluntárias”, e reduzido o horário de trabalho, com a consequente perda de remuneração. Sindicatos consideram recurso a estas medidas “abusivo”.
ANA - Aeroportos de Portugal.
ANA - Aeroportos de Portugal. Foto de UggBoy♥UggGirl, Flickr.

"Perante uma crise que sabemos agora ser duradoura, é também necessário, desde já, um redimensionamento das nossas equipas. Assim, simultaneamente, pedi a cada Direção que identificasse as atuais necessidades para, em conjunto com a direção de Recursos Humanos, ser elaborado um plano de saídas voluntárias", avança o presidente da ANA – Aeroportos de Portugal num email enviado aos trabalhadores.

Na missiva, citada pela agência Lusa, Thierry Ligonnière afirma que, “há três meses, os efeitos previsíveis da pandemia covid-19 no nosso negócio” levaram a ANA a iniciar “um importante plano de redução de custos” para assegurar que a empresa mantém “um perfil de fluxo de caixa suficiente” para cumprir com as suas obrigações “até ao esperado reinício das viagens aéreas e turismo".

O gestor acrescenta que, atualmente, o nível de recuperação do tráfego está longe do esperado. "A queda do tráfego é acentuada pela redução proporcional das nossas tarifas, que a nossa regulação nos obriga a fazer. Do lado não regulado, existe uma forte pressão dos nossos clientes, que são menos resistentes do que nós, para reequilibrarmos as condições que lhes permitiriam evitar uma cessação da atividade", frisa.

Thierry Ligonnière salienta que, neste contexto, é preciso intensificar os "esforços de contenção de custos", incluindo a "utilidade de cada despesa", e a reavaliação de todas as compras e para reconstruir a estrutura de custos "numa base zero". "Também no que diz respeito à massa salarial, é inevitável que tenhamos de ir mais longe, favorecendo, sempre que possível, o recurso a medidas de caráter voluntário", acrescenta.

Aos trabalhadores foram colocadas duas hipóteses: optar pela "redução do horário de trabalho em regime presencial: os trabalhadores poderão manter, até ao final do ano corrente, uma redução de 20% no seu período normal de trabalho, recebendo 90% da sua remuneração" ou pelo teletrabalho, em que "terão a possibilidade, até ao final do ano em curso, de aceder ao teletrabalho, reduzindo 10% do seu período normal de trabalho e recebendo 90% da sua remuneração".

No entanto, "perante uma crise que sabemos agora ser duradoura, é também necessário, desde já, um redimensionamento das nossas equipas. Assim, simultaneamente, pedi a cada Direção que identificasse as atuais necessidades para, em conjunto com a direção de Recursos Humanos, ser elaborado um plano de saídas voluntárias", assinala ainda o gestor.

Sindicatos consideram medidas de mitigação “abusivas”

Em comunicado conjunto, os sindicatos Sitava (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos) e Sindav (Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Aeroportos e Aviação) lembram que o negócio da ANA “é um dos mais rentáveis do país” e que, ano após ano, a empresa “tem apresentado altíssimos lucros que obviamente lhe aportaram uma solidez financeira ímpar no universo empresarial português, que a coloca a salvo de quaisquer dificuldades no cumprimento das suas obrigações, tendo sobretudo presente o reduzidíssimo peso que a massa salarial tem na estrutura de custos da empresa (menos de 10%)”.

“Acresce ainda que, no seu negócio não regulado, todas as receitas foram apenas diferidas, não constando que a ANA tenha qualquer intenção de renegociar os valores ou até proceder a qualquer perdão de dívida, mesmo sabendo que esses clientes não podem usufruir dos espaços alugados, incluindo o aluguer dos parqueamentos dos trabalhadores em Lay-Off”, lê-se no documento.

As estruturas sindicais defendem que “a ANA Aeroportos de Portugal não necessita de aplicar quaisquer medidas de mitigação de custos e que consideramos até algo abusivo e mesmo revelador de muito pouca consideração pelos trabalhadores, o recurso a tais medidas”.

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