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Alterações climáticas já afetam 82% de todos os ecossistemas

Estudo revela impacto galopante de alterações climáticas, negadas por Donald Trump, que afirma que irá rasgar o Acordo de Paris. Manifestações de sábado em Lisboa e no Porto assumem nova palavra de ordem: “vais deixá-lo mandar também no planeta?”
Cartaz do filme "Before the Flood"
Cartaz do filme "Before the Flood", que será projetado esta sexta feira à noite na sede nacional do Bloco.

Um estudo publicado na revista Science prova que as alterações climáticas já estão a afetar a maior parte da vida na Terra. Uma equipa de investigadores australianos identificou os processos ecológicos chave para suportar os ecossistemas terrestres e aquáticos (tanto de água doce, como os marinhos) e concluiu que 82% destes processos já sofrem os impactos das alterações climáticas.

A consequência destas alterações nos ecossistemas vai para além deles próprios, e tem um impacto cada vez maior na saúde e bem estar das sociedades humanas. “As temperaturas extremas estão a causar uma adaptação evolutiva em muitas espécies, mudando-as genética e fisicamente”, afirma o Professor John Pandolfi, da Universidade de Queensland, e um dos autores do estudo. “Estas respostas incluem mudanças na tolerância a temperaturas elevadas, alterações no rácio sexual, numa redução do tamanho do corpo e na migração de espécies”. “As pessoas dependem de ecossistemas saudáveis para uma grande variedade de bens e serviços, incluindo comida e água potável”, lembrou o investigador.

“Algumas pessoas esperavam que este nível de mudanças só fosse atingido nas próximas décadas”, afirma o Professor James Watson, também da Universidade de Queensland e outro autor deste estudo. “Os impactos das alterações climáticas estão a ser sentidos em todo o lado, nenhum ecossistema da Terra é poupado. Já não é sensato considerar as alterações climáticas apenas como uma preocupação para o futuro”. “Os níveis de emissões [previstos no Acordo de Paris] têm de ser alcançados e o tempo está a esgotar-se para que haja uma resposta global sincronizada para salvar a biodiversidade e os ecossistemas”, concluiu.

Este estudo surge poucos dias depois da eleição presidencial nos Estados Unidos, vencida por Donald Trump, que afirmou publicamente não acreditar em alterações climáticas, que classifica como um “mentira global muito cara”, acusa os cientistas que se dedicam ao tema de serem “impostores” e afirmou durante a campanha que, se fosse eleito, iria rasgar o Acordo de Paris. No sábado, em Lisboa e no Porto, decorrerá a manifestação “Salvar o Clima, Parar o Petróleo” (evento facebook aqui), que desde que foram conhecidos os resultados eleitorais norte americanos, adotou como slogan, direcionado a Trump, “vais deixá-lo mandar também no planeta?”.

Esta sexta feira, na véspera da manifestação, haverá na sede nacional do Bloco, no Martim Moniz em Lisboa, uma sessão do filme "Before the Flood”, seguido de uma conversa (ver evento de facebook aqui). "Before the Flood” é um documentário produzido por Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese, realizado por Fisher Stevens, que se foca no estado do meio ambiente, no (des)equilíbrio do clima e na luta contra as alterações climáticas. A entrada é gratuita e aberta a qualquer pessoa.

 

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