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Al Jazeera vai levar assassinato de jornalista ao Tribunal Penal Internacional

A cadeia televisiva anunciou a formação de uma equipa internacional de juristas e quer incluir na queixa o bombardeamento da sua delegação em Gaza no ano passado. Justiça palestiniana concluiu que Shireen Abu Akleh foi morta por um tiro de um soldado israelita.
Mural em homenagem a Shireen Abu Akleh em Belém, na Cisjordânia. Foto Abed Al Hashlamoun/EPA

A cadeia televisiva Al Jazeera anunciou esta quinta-feira que uma equipa de juristas da empresa e peritos internacionais estão a preparar uma queixa ao Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre o assassinato da sua jornalista Shireen Abu Akleh na Cisjordânia a 11 de maio. Nesta queixa, a Al Jazeera quer também incluir o bombardeamento israelita de maio de 2021 que destruiu por completo o edifício da sua delegação em Gaza.

Na base da queixa estará o artigo oitavo do Estatuto de Roma do TPI que define como crime de guerra o assassinato ou ataque a jornalistas em serviço em zonas de guerra ou territórios ocupados. A jornalista americano-palestiniana Shireen Abu Akleh trabalhou durante 25 anos para a Al Jazeera, cobrindo os conflitos nos territórios ocupados da Palestina.

"A estação promete seguir todos os passos para conseguir justiça para Shireen e assegurar que os responsáveis pelo seu assassinato sejam levados à justiça e responsabilizados em todas as instãncias da justiça internacional", afirma a Al Jazeera em comunicado.

Procurador Geral palestiniano diz que o tiro veio das tropas israelitas

Também na quinta-feira, o Procurador Geral palestiniano, Akram al-Khatib, anunciou as conclusões da investigação  à morte da jornalista junto ao campo de refugiados de Jenin. Segundo a investigação, Shireen foi atingida por uma bala de calibre 5.56 mm disparada por uma arma de precisão de fabrico norte-americano. A jornalista vestia um colete antibala com a inscrição "Press" visível e tinha um capacete de proteção. Um outro jornalista também foi alvejado por uma bala e outros três projéteis da mesma arma foram encontrados numa árvore próxima do local onde se encontravam. Os tiros foram disparados a cerca de 170 a 180 metros de distância do grupo de jornalistas e na altura dos disparos um jeep das forças israelitas ncontrava-se a 200 metros de distância, concluiu a investigação.

"O conjunto destes factos: o tipo de projétil, a arma, a distância, o facto de que não havia qualquer obstáculo à visão e que ela vestia um colete de imprensa (...) leva-nos a concluir que Shireen Abu Akleh foi alvo de um assassinato. A única origem dos tiros foi a das forças de ocupação israelitas", acrescentou o Procurador.

As conclusões vão no mesmo sentido da investigação divulgada esta semana pela cadeia televisiva norte-americana CNN. Chris Cobb-Smith, um perito de segurança e balística ouvido pela CNN, diz que o número de marcas de bala na árvore perto de onde se encontrava Shireen prova que não se trataram de tiros aleatórios, mas sim com um alvo definido.

Do lado israelita, o relatório dos soldados que se encontravam nas imeadiações do local do crime nunca foi revelado publicamente e o ministro da Defesa, Benny Gantz, afirmou esta quinta-feira que as acusações de que o seu exército tem como alvo jornalistas ou civis não passam de "mentiras descaradas".

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