“Estamos a viver um ponto na história em que começamos a ter uma extrema-esquerda racista. Isto acontece durante um conflito entre Israel e Palestina, onde partidos de esquerda defendem instituições terroristas que decapitam bebés e violam mulheres, e nós vemos uma extrema-esquerda conivente com este tipo de terrorismo. Isto é grave para o nosso futuro”, afirmou Carlos Moedas numa entrevista poucos dias depois dos ataques do Hamas e do início dos bombardeamentos israelitas à Faia de Gaza.
O autarca de Lisboa quis mostrar desde o início o seu apoio ao massacre que estava em curso em Gaza e ao mesmo tempo procurar capitalizar politicamente o conflito na Palestina contra os adversários da esquerda portuguesa. Para isso recorreu à mentira difundida pela propaganda sionista sobre a existência de bebés decapitados entre as vítimas dos ataques de 7 de outubro, que durante meses serviu de argumento aos que reclamavam mais sangue em Gaza, apesar de tal atrocidade nunca ter existido para além das mentes que viriam a apoiar o genocídio.
Em maio deste ano, já as mortes na Faixa de Gaza se contavam em dezenas de milhares, Carlos Moedas decidiu ceder as instalações do cinema São Jorge para a embaixada de Israel dar uma festa a celebrar o aniversário do Estado sionista. A festa decorreu com protestos à porta e foi contestada pelos próprios trabalhadores da EGEAC, na mesma semana em que o Tribunal Penal Internacional anunciou o pedido de mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa Yoav Gallant, por vários crimes de guerra.
Em junho, o autarca foi derrotado na reunião do executivo municipal, que aprovou a moção do Bloco a instar o Governo português a reconhecer o Estado da Palestina. Moedas justificou-se dizendo que “não é o momento agora” para se fazer esse reconhecimento. E no mês seguinte voltou a haver festa com a presença de Moedas, desta vez para a despedida do embaixador de Israel em Portugal.
Até ao momento, as declarações mais duras de Moedas desde o início do genocídio em Gaza foram feitas a poucos dias do Natal do ano passado: "O que aconteceu […] é mais do que um ato selvagem e bárbaro. É a vandalização de princípios da democracia no seu estado mais puro”. O alvo da indignação do autarca eram os ativistas que escreveram “Genocida” na fachada do edifício da Câmara e colocaram na varanda a bandeira da Palestina e uma faixa onde se lia “Palestina Livre”.