Está aqui
PS e direita juntos contra mudanças de fundo

Foram votadas as propostas do Bloco para reverter os cortes da troika no valor pago pelo trabalho suplementar (o valor da majoração foi cortado para metade em 2012), para repor o descanso compensatório por prestação de trabalho extraordinário (que foi eliminado também na sequência da intervenção da troika) e para repor os 25 dias de férias (cortados para 22 pela troika), sem o critério de assiduidade (que penalizava quem gozava de faltas justificadas, por exemplo por luto). Todas estas propostas foram chumbadas pelo PS e pelo PSD, perpetuando na lei estes cortes e rejeitando retomar um princípio que vinha da República. A proposta do PS, negociada com UGT e patrões na concertação social, e que repõe o pagamento das majorações de 50% na primeira hora, de 75% nas seguintes e de 100% por trabalho suplementar em dia feriado ou de descanso obrigatório, mas apenas a partir das cem horas anuais, foi aprovada, com as abstenções do Bloco e do PCP e os votos favoráveis do PS e do PSD (este último, tendo votado a favor de tudo o que veio do acordo com patrões e UGT na concertação).
PS e PSD recusam avançar com as 35 horas
Foram ainda debatidos os limites ao período normal de trabalho. O Bloco e o PCP propuseram a consagração das 35 horas semanais para o setor privado (já existem no público), ao invés das atuais 40. Por razões de conquista de maior tempo para viver e conciliação entre vida pessoal e profissional, como mecanismo de estímulo à criação líquida de emprego e garantindo equidade entre função pública e setor privado (incluindo os contratos individuais de trabalho que existem nos serviços públicos). Apesar de toda a retórica em torno da “semana dos 4 dias”, que não fazem parte da “agenda do trabalho digno” proposta pelo governo, dado que essa medida foi remetida para projetos-piloto, quer o PS quer o PSD rejeitaram as propostas da esquerda para a redução do tempo de trabalho. Trata-se de uma questão central. Na prática, a última conquista nesta matéria data de 1996, quando se reduziu de 44 para 40 horas semanais. Desde então, as alterações aos tempos de trabalho têm sido no sentido de uma maior desregulação, por via de adaptabilidades e bancos de horas.
Bancos de horas e adaptabilidades mantêm-se, trabalhadores com filhos até 3 anos ficam dispensados
Medidas para revogar a adaptabilidade foram chumbadas, tendo apenas sido aprovada uma norma apresentada pelo governo que isenta da adaptabilidade grupal e do banco de horas grupal o trabalhador com filho menor até três anos ou com filho com deficiência ou doença crónica, independentemente da idade. O Bloco absteve-se nessas propostas: isentar este grupo de trabalhadores não é negativo, mas a proposta implica a manutenção de figuras que têm sido instrumentos de grande instabilização da vida de quem trabalha.
Mantém-se contrato diferente para estrangeiros e apátridas
Propostas do Bloco e do PCP para eliminar o “contrato com trabalhador estrangeiro ou apátrida” foi rejeitada por PS, PSD, CH e IL. Objetivo era não haver regras específicas sobre conteúdo e forma do contrato com trabalhadores estrangeiros.
Adicionar novo comentário