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Plataformas digitais: Quando o algoritmo se torna capataz

Num contexto em que as Plataformas Digitais de Trabalho se apresentam como os novos balões de ensaio para a precarização extrema do trabalho, afigura-se inadiável o debate sobre a regulação e regulamentação do setor e os desafios no que respeita à organização coletiva dos trabalhadores. Dossier organizado por Mariana Carneiro.
Trabalhador da Glovo em Lisboa. Foto de Mariana Carneiro.

A complexidade das Plataformas Digitais de Trabalho exige uma investigação aprofundada sobre os seus impactos, especialmente no que concerne ao mundo laboral. Os projetos de investigadores como Nuno Boavida e Giovanni Allegretti afiguram-se, portanto, fundamentais para a compreensão deste fenómeno e dos desafios que dele advêm.

O dirigente sindical Fernando Fidalgo fala-nos sobre o papel que os sindicatos devem ter para assegurar a proteção dos trabalhadores, e quais são as principais reivindicações. Já o professor João Leal Amado aborda a “lei Uber”, feita à medida dos interesses desta empresa, e os desafios que se colocam ao Direito do Trabalho.

Neste dossier, a eurodeputada Leïla Chaibi dá-nos a conhecer a proposta de diretiva europeia entregue em novembro de 2020 e José Soeiro retrata a nova figura dos “emprecários”. Em A e-corrida para o fundo José Gusmão explica a verdadeira inovação por detrás da aplicação.

É aqui ainda incluída a posição da Plataforma Riders X Derechos BCN – IAC sobre a lei “Rider” espanhola e publicado o vídeo da sessão “Transição digital e trabalho em plataformas”, com intervenções de Leïla Chaibi - France Insoumise (França), Felipe Corredor Alvarez e Nuria Soto (Plataforma Riders X Derechos BCN – IAC), Maria da Paz Lima (investigadora na área do trabalho/ correspondente Eurofound) e Fernando Fidalgo (dirigente STRUP /TVDE).

O texto de Ludmila Costhek Abílio explica que o fenómeno de uberização refere-se à materialização de décadas de transformações políticas do mundo do trabalho, apresentando-se como tendência que permeia generalizadamente o mundo do trabalho, possibilitando-nos pensar em termos de consolidação do trabalhador como trabalhador just-in-time.

Sobre o/a autor(a)

Socióloga do Trabalho, especialista em Direito do Trabalho. Mestranda em História Contemporânea.
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Neste dossier:

Plataformas digitais: Quando o algoritmo se torna capataz

Num contexto em que as Plataformas Digitais de Trabalho se apresentam como os novos balões de ensaio para a precarização extrema do trabalho, afigura-se inadiável o debate sobre a regulação e regulamentação do setor e os desafios no que respeita à organização coletiva dos trabalhadores. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

A e-corrida para o fundo

A verdadeira inovação por detrás da aplicação é um novo modelo de relações laborais que combina financeirização, evasão fiscal e falsos empresários individuais. Por José Gusmão.

Plataformas digitais: “Condições de trabalho são um problema europeu”

Leïla Chaibi, eurodeputada da França Insubmissa, que integra o Grupo da Esquerda Unitária – GUE/NGL, explicou ao Esquerda.net os objetivos da proposta de diretiva da União Europeia sobre Trabalhadores de Plataformas Digitais que apresentou em novembro passado. Por Mariana Carneiro.

Uberização: a era do trabalhador just-in-time?

A uberização refere-se à materialização de décadas de transformações políticas do mundo do trabalho, apresentando-se como tendência que permeia generalizadamente o mundo do trabalho, possibilitando-nos pensar em termos de consolidação do trabalhador como trabalhador just-in-time. Por Ludmila Costhek Abílio.

Lei “Rider”: Um passo insuficiente, pouco que celebrar

Perante o anúncio do decreto pelo qual se realiza a laboralização dos trabalhadores das plataformas digitais e, ainda que, aparentemente, vá ao encontro das nossas reivindicações, pela nossa parte não temos razões maiores para celebrar. Pela Plataforma Riders X Derechos BCN – IAC.

Transição digital e trabalho em plataformas

Vídeo com intervenções de Leïla Chaibi - France Insoumise (França), Felipe Corredor Alvarez e Nuria Soto (Plataforma Riders X Derechos BCN – IAC), Maria da Paz Lima (investigadora na área do trabalho/ correspondente Eurofound) e Fernando Fidalgo (dirigente STRUP /TVDE).

A hora dos 'emprecários'

A greve dos entregadores no Brasil é um sinal novo e importante. Os trabalhadores de plataformas como a UberEats, a Glovo, a iFood ou a Rappi têm sido essenciais durante a pandemia. Também por cá, esta realidade dos 'emprecários', dos falsos independentes e das plataformas mexe. Por José Soeiro.

“Plataformas digitais são balão de ensaio para novas formas de exploração capitalista”

O investigador Nuno Boavida falou com o Esquerda.net sobre o projeto europeu CROWDWORK - Encontrar novas estratégias para organizar trabalhadores de plataformas digitais na economia Gig (2019-2021), do qual é líder científico. Por Mariana Carneiro.

Plataformas digitais: “É preciso impedir injustiças entre países”

O investigador Giovanni Allegretti defende que é necessário criar legislação supranacional e “requerer que as plataformas contribuam mais para o bem-estar dos trabalhadores e dos cidadãos”. Por Mariana Carneiro.

Lei é um “fato talhado à medida” dos interesses da Uber

Em entrevista ao Esquerda.net, o professor universitário e especialista em Direito do Trabalho João Leal Amado frisou que o modelo de negócio das plataformas digitais não pode “assentar na exploração desenfreada” dos trabalhadores, que estão a ser disfarçados de micro empresários. Por Mariana Carneiro.

“Lei Uber está muito aquém das necessidades reguladoras deste setor”

Fernando Fidalgo, dirigente sindical do STRUP - Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal, afeto à CGTP, deu a conhecer ao Esquerda.net as reivindicações dos trabalhadores. Por Mariana Carneiro.

Documentário "Estafados - Histórias da precariedade organizada"

Todos os dias vemos estafetas a circular pela cidade. Motos, bicicletas, carros, trotinetas - o transporte muda, mas a rotina é a mesma. Mochilas às costas carregam a comida quente e as infindáveis horas de trabalho que acumulam. Não se conhecem, nem estão organizados, mas há algo que os une: a necessidade de sobrevivência.