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Fatura da luz em Portugal pesa o dobro que em Espanha

"A eletricidade não é cara. As casas é que são mal construídas”, dizia há poucos meses o presidente da EDP, António Mexia, à TSF. Mas os recentes estudos da consultora Selectra, que compara preços de energia na Europa, vieram confirmar aquilo que Mexia não quer admitir: os consumidores portugueses são dos que pagam a eletricidade mais cara da Europa, tanto no que respeita ao preço do kWh como no peso da fatura em relação ao salário médio mensal.
Utilizando como referência os preços do mercado regulado ou das tarifas básicas das companhias líderes do mercado, num agregado familiar de duas pessoas, e considerando potências baixas, de aproximadamente 3,45kWA, a consultora conclui que a Grã-Bretanha é a que regista o valor mais alto, de 0.19€ por kWh. Segue-se Portugal, com 0.1652€ por kWh - de acordo com o preço do mercado regulado ou com a tarifa Eletricidade da EDP Comercial. França ocupa o terceiro lugar, seguida de Espanha, Bulgária, Itália, Bélgica, Áustria e Turquia.
A consultora comparou a despesa total associada ao consumo de eletricidade com o salário médio mensal líquido de cada país, concluindo que Portugal ocupa o segundo lugar do pódio (5,64%), seguido da Grã-Bretanha (2,67%), Espanha (2,59%), Turquia (2,57%), França (2,27%), Itália (1,85%), Bélgica (1,23%) e Áustria (1,17%). Acima de Portugal, só na Bulgária a fatura da luz pesa mais no rendimento médio mensal (7.08%).
Desconto na tarifa social é o maior da Europa
Noutro estudo divulgado em maio, desta vez sobre as tarifas sociais da energia, a Selectra conclui que o nosso país tem os maiores descontos nas tarifas sociais da energia da Europa: um desconto de 33,8% na fatura da eletricidade e 31,2% na do gás natural.
A atribuição da tarifa social da energia do gás e da eletricidade passou a ser automática por proposta do Bloco de Esquerda no debate do Orçamento do Estado para 2016, então aprovada. A medida entrou em vigor a 1 de julho de 2016, traduzindo-se no aumento exponencial do número de beneficiários, que passou de 140 mil famílias para cerca de 820 mil em apenas um ano. O acordo entre Bloco de Esquerda e Partido Socialista permitiu ainda o reforço do desconto da tarifa social (suportado pelas empresas de energia), que passou a integrar o desconto do Apoio Social Extraordinário ao Consumidor de Energia (ASECE), que deixou de ser responsabilidade do Estado para ficar a cargo das companhias.
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