Atores indignados: "Comunicado sobre os atrasos na DGArtes", de 19 de março

Carta dos atores indignados promovida pela atriz Inês Pereira e que juntou centenas de atores e atrizes logo no primeira dia. 

21 de abril 2018 - 18:33
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Somos actores, fazemos teatro, rádio, locuções, televisão, cinema. Muitos de nós somos licenciados em Escolas Superiores. E fazemos teatro em condições cada vez mais precárias: sem contrato de trabalho, a recibo verde, sem previsão, muitos de nós com vencimentos em atraso. Mesmo quando nos apresentamos em teatros de grande reputação.

A situação de sub-contratação em que quase todos nós nos encontramos é insustentável. Dependemos de pequenas estruturas de produção com quem gostamos de trabalhar mas que nos últimos anos têm vindo a ser insistentemente subalternizadas.

Aguardámos com esperança esta nova Secretaria de Estado da Cultura. Aguardámos, na nossa precariedade, que o ano de 2017 servisse para uma remodelação efectiva dos apoios às artes. Continuámos em 2017 a mesma situação de miséria que se instalou no quadriénio anterior. E nada sabemos sobre 2018, 2019, a não ser que não temos vencimentos “por agora”.

Após um ano de estudos dos concursos dos apoios às artes, deparamo-nos com atrasos incompreensíveis na avaliação, e consequentemente, na disponibilização das verbas da Dgartes. Continuamos dependentes de concursos que atrofiam estruturas e que impedem a contratação de profissionais e o assegurar de remunerações dignas pelo trabalho dos seus artistas.

Passados três meses do início deste ano, e tendo as candidaturas aos apoios da Dgartes terminado no dia 6 de Dezembro de 2017, continuamos sem conhecer os resultados da avaliação do júri.

Como sobrevivem estruturas e artistas nestes meses? Como se asseguram produções e compromissos com terceiros? De que forma podemos nós assumir compromissos profissionais com entidades que não nos dão garantias?

Somos actores e a maior parte de nós passará o ano de 2018 sem trabalho, sem saber se as futuras produções para as quais fomos convocados se vão manter, com salários em atraso constante ou com remunerações muito baixas.

No ano de 2018, gostávamos de conseguir fazer teatro.

OS ACTORES ( e seus apoiantes...)

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