Manuel Afonso

Manuel Afonso

Assistente editorial e ativista laboral e climático

O país já sabe, o Bloco está a fazer uma campanha diferente. Estamos à tua porta de Norte a Sul, como um exército de empatia ativista que bate à porta e, em vez de desbobinar a cassete, perguntamos: “O que a preocupa, na sua vida, no país? O que gostaria de ver mudado nestas eleições?”

No que toca aos interesses da maioria do povo, é entre o retrocesso e o avanço da esquerda de combate que se medirá o sucesso destas eleições. E é também aí que reside o verdadeiro ponto de apoio para o combate à extrema-direita.

Montenegro decidiu-se pelo tudo ou nada. Dada a situação, e excluída a hipótese da decência, que obrigaria o primeiro-ministro a renunciar sem se recandidatar, ele fez a opção menos arriscada.

A paz entre Trump e Putin não é paz. É partilha colonial, preparação de novas guerras. Isso nem sequer é escondido pelos próprios. O que não significa que um eventual cessar-fogo não seja justamente sentido como um alívio pelos povos, especialmente russo e ucraniano.

Que não nos enganemos: os tempos são de dura ofensiva do capital e resistência das esquerdas. Contudo, que não percamos o norte: resistimos para passar ao ataque, atacaremos para vencer. Sem lutar para virar o jogo, não daremos um passo em frente.

É de uma política socialista audaz, da revalorização da estratégia revolucionária e da teoria marxista, da organização de base, da unidade das forças de esquerda que nascerão as possibilidades de avançar: no terreno eleitoral, na mobilização de rua… e nas redes sociais.

Um fascista voltou ao poder na maior potência mundial. As ondas de choque em 2016 foram enormes, agora serão maiores. Resistimos hoje para contra-atacar amanhã.

Não vale a pena falarmos de combate à seca ou incêndios sem abordar como cortar emissões. A fatia dos transportes é a maior e temos um país desenhado à medida do automóvel.

Não é na disputa dos mais de 20% à sua direita que o PSD parece estar focado, mas na disputa do centro – com uma política de direita. Isto pode explicar a lógica de Montenegro nas negociações do Orçamento de Estado para 2025.

Num mundo em convulsão, há muita coisa a debater. Calibrar o âmbito temático e o grau de precisão que se pretende de uma atualização programática é determinante. Quem muito abarca, pouco aperta – há que escolher temas centrais.