Yolanda Díaz assume candidatura à liderança do governo espanhol

02 de abril 2023 - 22:50

O lançamento da Sumar, a nova plataforma política da esquerda espanhola, juntou uma dezena de partidos. Direção do Podemos decidiu ficar à margem do lançamento, mas as negociações continuam em aberto.

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Yolanda Díaz no comício de lançamento da Sumar. Foto Sumar/Twitter

"Quero ser a primeira presidenta do meu país, a primeira presidenta de Espanha. É hora de sermos as protagonistas da história. A Espanha das mulheres é imparável". Foi com estas palavras que Yolanda Díaz, ministra do Trabalho e segunda vice-presidente do executivo espanhol, lançou a sua candidatura às próximas legislativas perante alguns milhares de pessoas dentro e fora de um pavilhão desportivo de Madrid, onde foi lançada a plataforma política Sumar [Somar].

No seu discurso, Yolanda apresentou as ideias de uma "carta de direitos" e um novo modelo de financiamento autonómico "que impeça a concorrência desleal entre comunidades", defendeu a redução do horário de trabalho e um país "livre de violências machistas, com aborto livre e gratuito".

Para as intervenções de lançamento do Sumar, Yolanda chamou um jovem criador de conteúdos no TikTok, Helio Roque, e outras quatro mulheres: Teresa Fuentes, líder da federação sindical de serviços das Comisiones Obreras de Murcia; Maite Navarro, dona de uma loja de produtos alimentares em Valencia que ficou famosa por criar em setembro um cabaz de 28 produtos básicos a 29 euros, provando assim o que os hipermercados diziam ser impossível, a ativista pelos direitos trans e ex-deputada do PSOE na Assembleia de Madrid Carla Antonelli e a escritora nicaraguense Gioconda Belli, perseguida pelo regime de Noriega.

Esta plataforma junta mais de uma dezena de partidos incluindo a Esquerda Unida (IU), os Comuns catalães, o Compromis valenciano e o Más Madrid, mas também o Verdes Equo, Aliança Verde, Chunta Aragonesista, Projecto Drago, Iniciativa do Povo Andaluz, Batzarre e o Movimento pela Dignidade e a Cidadania de Ceuta.

Face à ausência de negociação bilateral sobre primárias, direção do Podemos não foi à sessão

Fora da fotografia do lançamento ficou o Podemos, que nas últimas semanas não conseguiu alcançar um acordo com Yolanda Díaz. Na véspera do lançamento, a líder do partido, Ione Belarra, lançou um último apelo a um acordo que previsse a organização de primárias abertas, como tinha sido defendido pelo ex-líder Pablo Iglesias dias antes. Mas a posição de Yolanda Díaz manteve-se no sentido de que as primárias sejam regulamentadas por acordo de todos os partidos envolvidos e não de forma bilateral.

O mal-estar no Podemos por esta iniciativa da ministra do Trabalho - que o próprio Iglesias designou como sucessora à frente do espaço político do Unidas Podemos quando se demitiu para concorrer às regionais de Madrid - ficou bem patente nas redes sociais após a sessão deste domingo em Madrid. Muitos simpatizantes do Podemos não perdoam a Díaz ter-se aliado com figuras que o partido afastou, sobretudo Iñigo Errejón, um dos fundadores e depois rival de Iglesias pela liderança. Mas também criticam Yolanda Díaz e o líder da IU, o ministro da Defesa do Consumidor Alberto Garzón, por serem governantes da Unidas Podemos e agora surgirem ao lado de protagonistas partidários que vão concorrer contra a Unidas Podemos nas próximas eleições municipais em maio. Apesar da ausência no lançamento do Sumar, as negociações para a construção desta plataforma política vão continuar e ainda há muito caminho a percorrer até às eleições previstas para dezembro.