Um grupo de ativistas pela Palestina está a organizar um protesto no sábado 12 de julho, em frente ao Festival da Comida do Continente, no Queimódromo do Porto. Em comunicado, anunciam que a vigília terá início às 15h, com os participantes em silêncio “segurando simbolicamente bonecos envoltos em panos brancos, representando os bebés amortalhados das imagens terrivelmente angustiantes que nos chegam de Gaza”.
O apelo é “para que a empresa que promove esta celebração da comida deixe de usar o dinheiro das portuguesas e dos portugueses para financiar um Estado que comete impunemente crimes contra a humanidade, e que usa a fome como arma de guerra contra a indefesa população palestiniana”.
Em causa está não só a relação comercial do hipermercado com as empresas israelitas que têm os seus produtos à venda nas prateleiras do Continente, mas também o investimento do braço financeiro da SONAE, dona do Continente, para o capital de risco. Os ativistas denunciam que a Bright Pixel Capital (anteriormente designada Sonae IM) “tem confirmados vários investimentos em empresas israelitas – por exemplo, ciValue, CB4, Cellwize, Harmonya, Tamnoon, Sixgill, Vicarius e SafeBreach, estando estas últimas focadas na área da cibersegurança”, com ligações conhecidas ao setor militar israelita.
Estes investimentos, que nas contas divulgadas à comunicação social rondarão os cem milhões de euros, representam “uma clara indiferença perante as graves violações do direito internacional por parte de Israel”, prosseguem os ativistas, acrescentando que também servem para normalizar o genocídio e os crimes de guerra de Israel. Além disso, a atuação do grupo Sonae e do Continente estará “potencialmente em incumprimento das normas europeias previstas na Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa” que desde o ano passado exige às empresas que identifiquem e previnam impactos negativos da sua atividade sobre os direitos humanos, designadamente ao nível das suas cadeias de valor.
“As empresas não podem continuar indiferentes e cooperantes com o genocídio. Têm uma responsabilidade corporativa que está consagrada na legislação europeia, mesmo que não representada nos códigos éticos de quem as gere”, conclui o comunicado, apelando ao Continente para que siga os bons exemplos da italiana Coop Allianz 3.0, que já deixou de comercializar produtos israelitas, e do grupo britânico Co-op, que anunciou ir tomar a mesma medida.