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“União Europeia continua a ser entrave a vacinação universal”

"Os líderes europeus encontraram-se para afirmar o Pilar Social da União Europeia, mas esta Cimeira Social foi uma profunda desilusão", realçou Catarina Martins em declarações aos jornalistas.
De acordo com a coordenadora nacional do Bloco, há duas razões que explicam a "profunda desilusão" com os resultados da Cimeira Social do Porto.
"A União Europeia, um dos espaços económicos mais ricos do mundo, tem 100 milhões de pessoas a viver na pobreza. Há tanta gente que mesmo trabalhando não consegue sair da pobreza e não há uma única medida concreta, nem para o emprego, nem para o salário que saia desta cimeira, que é por isso uma enorme desilusão", afirmou.
Catarina Martins deu o exemplo do trabalho nas plataformas digitais: "Nesta pandemia, ao mesmo tempo que as plataformas multinacionais digitais da Uber, da Glovo, da Amazon aumentaram milhões e milhões de lucros, os estafetas estão na mais absoluta precariedade. Trabalham 12, 14 horas por dia e mesmo assim não saem da miséria. O que é que a União Europeia tem a dizer sobre isto: zero, nada. Esta é a vergonha", frisou.
A coordenadora do Bloco alertou que, em Portugal, a pandemia veio agravar as desigualdades já existentes. Catarina Martins fez referência às “pessoas que só conheceram crise, só conheceram precariedade”.
"O que nós precisamos é de uma resposta justa à crise, não precisamos de mais boas palavras, precisamos de boas ações", vincou.
“Não haveria maior política social do que garantir que toda a gente tem acesso à vacina"
Por outro lado, Catarina Martins teceu críticas à forma como a União Europeia se posiciona no que respeita ao processo de vacinação contra a covid-19.
"Quando na Organização Mundial do Comércio se vai discutir a quebra de patentes para universalizar as vacinas, e os próprios Estados Unidos da América já mostraram abertura, a União Europeia continua a ser um entrave a que a vacina chegue a todo o mundo. E essa é também uma profunda desilusão", defendeu.
Para a dirigente bloquista, “não haveria maior política social, neste momento de pandemia, do que garantir que toda a gente tem acesso à vacina".
Comentários
quebra de patentes da vacina Covid-19
Catarina Martins defende a “quebra de patentes para universalizar as vacinas” e tem toda a razão. Mas creio que há um perigo ainda maior que a “não universalização” e que ainda não vi referido em parte nenhuma. Empresas como a Pfizer fazem previsões para as suas vendas da vacina anti Covid-19 em 2021 que atingem 26 mil milhões de dólares, enquanto o valor equivalente para a Moderna é de 18 mil milhões (valores que são referidos pelo Le Monde de 6 de Maio de 2021, na sua página 14). Ora, se as vacinas tiverem o efeito que se pretende – pôr um fim à pandemia – em breve os fabulosos lucros que estão a resultar deste processo cessarão. O que interessa às empresas que produzem as vacinas é que, acabando a pandemia, outra pandemia surja que requeira a produção de novas vacinas e, logo, a continuação dos fartos lucros. Não “quebrar as patentes” constitui assim um poderoso estímulo a que haja esforços para criar laboratorialmente novos vírus que criem novas pandemias. De que também se aproveitarão as empresas do digital como a Facebook, a Amazon, a Google, a Apple, a Microsoft. Empresas que viram os seus lucros subir astronomicamente com o teletrabalho e não só.
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