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“Não se pode prometer na Europa combate à pobreza e recusar em Portugal apoios a quem precisa”

No comício de encerramento da contra-cimeira do Bloco, Catarina Martins lembrou que o partido disse, “desde o primeiro momento, que não se responde a uma crise máxima com uma política de mínimos”. A dirigente bloquista frisou que “este é o tempo de responder”.
Catarina Martins - Foto de Mário Cruz/Lusa (arquivo)

Provando que “há outra Europa para além daquela que está na Alfândega”, o deputado José Soeiro, Heinz Bierbaum, presidente do Partido da Esquerda Europeia, Catarina Martins, coordenadora do Bloco, e Sérgio Aires, candidato à Câmara Municipal do Porto, juntaram-se no comício de encerramento da contra-cimeira “Stop Precariedade, Stop Pobreza”.

Catarina Martins destacou que as opções que foram tomadas “na resposta à pandemia e à crise estão a aprofundar uma desigualdade que vem de longe” e que “esta Europa que prefere proteger as patentes das vacinas a proteger os seus cidadãos é a mesma Europa que garantiu sempre a impunidade dos de cima, que se alimenta da pobreza dos de baixo”.

No combate à pobreza e às desigualdades, “sobram palavras de ocasião onde falta a ação”, defendeu. De acordo com a coordenadora bloquista, “esta economia do privilégio e da injustiça tem um nome: chama-se capitalismo e chama-se desigualdade”.

Responder “à economia do privilégio e da injustiça”

Garantindo que o Bloco nunca se resignará perante a desigualdade, Catarina Martins assinalou que “as regras europeias que criam os problemas nunca serão parte da solução”. E alertou para a situação em Portugal, em que, mesmo antes da pandemia, uma em cada cinco pessoas estava em risco de pobreza. “E há um dado particularmente aterrador: esta pobreza afeta particularmente as crianças e as famílias com filhos”, acrescentou.

Para a dirigente do Bloco, “a igualdade não é - não pode ser - um slogan vazio, uma referência abstrata num discurso de circunstância de uma qualquer cimeira”. Bem como “tempos de recuperação que obrigam a redução de serviços públicos como o SNS ou a maior de regulação do trabalho não são de recuperação são crise”. Ou “anunciar a redução de 15 milhões de pobres mantendo mais de 70 milhões na pobreza não é avanço, é retrocesso, resignação”.

Catarina Martins lembrou que o Bloco disse, desde o primeiro momento, que “não se responde a uma crise máxima com uma política de mínimos”. “A cada dia se prova que tínhamos razão”, frisou.

A coordenadora bloquista enfatizou que “não se pode prometer na Europa o combate à pobreza e recusar em Portugal os apoios que protegem quem está a cair na pobreza”.

“Se até o governo reconhece a insuficiência do seu orçamento, este é o tempo de responder. A segurança de que precisamos é a que escolhe proteger o emprego e garantir o apoio”, apontou.

“Neste tempo de ameaça e de perigo”, o Bloco quer apontar caminhos para responder “à economia do privilégio e da injustiça”.

“Não aceitamos palavras inconsequentes. Exigimos mudança. O pilar social é o pleno emprego; emprego digno com salário justo. O pilar social é o serviço público; universal e capaz de superar desigualdades. Esta resposta, a resposta da justiça e da dignidade que juntou nesta contra-cimeira quem não se resigna, tem nome: chama-se igualdade”, rematou.

“Trabalho escravo tem de ser erradicado das estufas do Alentejo e de todo o país”

Catarina Martins não quis deixar de se referir à situação em Odemira.

“Na última semana, o país viu em Odemira a realidade que o Bloco e as associações de migrantes denunciam desde há muito. Ainda bem que hoje toda a gente reconhece que existe naquelas estufas ‘uma gritante violação dos direitos humanos’, até o governo que, em 2019, e não esquecemos nem perdoamos, decidiu manter estes trabalhadores migrantes em guetos de contentores”, afirmou a dirigente bloquista.

Mas se há um reconhecimento do problema, então é preciso avançar para a sua resolução, defendeu Catarina.

“Palavras de ocasião e meias medidas não chegam. O trabalho escravo tem de ser erradicado das estufas do Alentejo e de todo o país e qualquer pessoa, independentemente da cor da pele ou do passaporte que traz no bolso, tem direito a uma vida digna neste país”, vincou.

 

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