Terão sido mais de 500 mil as pessoas que saíram às ruas da Varsóvia este domingo contra o governo de extrema-direita do PiS, segundo os números da Câmara Municipal local. Muitas outras nas várias cidades da Polónia para onde estavam marcadas marchas. Um mar de gente que trouxe cartazes e palavras de ordem como “estamos fartos”, “PiS deixa-nos em paz”, “União Europeia sim, PiS não”, “Polónia livre”, “era melhor a democracia” ou “se quisesse viver na Bielorrússia, mudava-me”.
Os manifestantes criticam a incapacidade do governo polaco em reagir à subida da inflação, mas também a sua ofensiva ultra-conservadora contra os direitos das mulheres e da comunidade LGBTI+. Outra das suas preocupações é com os vários ataques ao estado de direito. O Partido da Lei e da Justiça tem atacado a independência do sistema judicial e as vozes dissonantes na academia e a sua última ofensiva é a lei sobre a “comissão sobre a influência russa”, um órgão extra-judicial com poderes amplos. A oposição teme que o expediente da acusação de estar sob a alçada do Kremlin e o carácter vago do princípio nela consignado de “agir em detrimento dos interesses da República da Polónia” sejam utilizados para cercear liberdades e impedir candidatos de concorrer nas eleições que se avizinham ou afastar quem já esteja eleito em vários órgãos. As críticas internacionais fizeram-se sentir e Andrzej Duda, o presidente da República, acabou por promulgar a lei, mas anunciou na passada sexta-feira que seria preciso emendá-la.
A jornada deste domingo tinha sido convocada pelo partido Plataforma Cívica, de direita, e pretendia assinalar o aniversário das eleições ganhas pelo Solidariedade em 1989. Mas ultrapassou em muito esse âmbito, com os vários partidos da oposição e muitos sindicatos a juntaren-se. À esquerda, a coligação Lewica Razem foi uma das formações que marcou presença, vendo no protesto sinais de esperança na mudança dos destinos do país.
W obronie Demokracji i Konstytucji Dlatego jesteśmy na #Marsz4czerwca
Jako Lewica jesteśmy, bo chcemy Polski demokratycznej i solidarnej, w której każdy i każda czuję się bezpiecznie, czuje się u siebie
Obszerna relacja https://t.co/uKEwW1qlUM pic.twitter.com/N6tekHFiXs
— Marcin Kulasek (@MarcinKulasek) June 4, 2023
To było coś więcej niż #Marsz, to była Wielka Manifestacja naszych pragnień zmiany kraju, pokonania PiSu, manifestacja radości, nadziei i marzeń, które mogą spełnić się już tej jesieni. Siła dzisiejszych emocji pokazała, że wspólne działanie jest gwarancją sukcesu. #Marsz4czerwca pic.twitter.com/i72tyD1XRj
— Karolina Pawliczak (@KarolinaPawli15) June 4, 2023
Oczywiście, że jestem pic.twitter.com/Loh7yzQgKz
— Arkadiusz Iwaniak (@Arek_Iwaniak) June 4, 2023
Energia, radość i nadzieja kipi dzisiaj w Warszawie.
Jesień będzie nasza pic.twitter.com/EScxTiPmP3— J. Scheuring-Wielgus (@JoankaSW) June 4, 2023
O líder da Plataforma Cívica, Donald Tusk, ex-primeiro-ministro e ex-presidente do Conselho da Europa, procura assumir-se como a figura principal da oposição e os seus apoiantes dizem que a lei sobre a “influência russa” se lhe dirige, procurando torná-la conhecida como a “lei Tusk”. Este aproveitou o sucesso da mobilização para se apresentar como o campeão da luta democrática, declarando que “estamos prontos para lutar pela democracia e liberdade outra vez, como fizemos há 30, 40 anos”.
Do lado do atual poder, o PiS declarou tratar-se de uma “marcha do ódio”. O primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, disse que “as velhas raposas estão a organizar uma marcha antigovernamental e a apresentá-la como uma manifestação espontânea”. E o presidente do partido do governo dramatiza as próximas eleições, afirmando que uma vitória da oposição nas próximas eleições seria “o fim da Polónia”.