Machismo

Um quarto das raparigas sofreu violência física ou sexual de parceiros

30 de julho 2024 - 18:07

Um estudo da Organização Mundial de Saúde ao nível global mostra a dimensão do problema. A análise acrescenta que uma em cada seis das jovens entre 15 e 19 anos foram vítimas deste tipo de violência o ano passado.

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Violência contra mulheres.
Violência contra mulheres. Foto Rawpixel.

24% das raparigas entre os 15 e 19 anos estiveram numa relação na qual foram vítimas de violência física ou sexual por parte do seu companheiro. Serão cerca de 19 milhões. Esta é umas das conclusões de um estudo global da Organização Mundial de Saúde publicado esta segunda-feira na revista académica The Lancet Child & Adolescent Health.

A análise foi feita a partir de dados recolhidos entre 2000 e 2018. Mostra um quadro desigual com menores níveis de violência nos países de maiores rendimentos, maior taxa de escolarização das jovens e mais igualdade de género nas leis sobre bens e sucessões. Do lado das regiões do mundo onde prevalece mais violência contra as jovens mulheres destaca-se a Oceânia (com 47%) e a África subsariana central (com 40%). Europa com 10% e Ásia central com 11% estão no inverso da lista.

Em termos de países, a Geórgia é onde os níveis de violência contra raparigas por parte dos seus parceiros masculinos foram menores, com 6%, e a Papua Nova Guiné onde foram maiores, com

49%.

Acrescenta-se ainda que quase uma em cada seis, 16%, experienciou violência física ou sexual de parceiros no ano passado.

O estudo admite, porém, não dar conta de outros tipos de violência, como a violência psicológica, neste caso “devido a uma falta de medida de comparação aceite internacionalmente”.

A diretora do Departamento de Investigação em Saúde Reprodutiva e Sexual da OMS, Pascale Allotey, alerta para os danos “profundos e duradouros” uma vez que estes casos de violência ocorrem “em anos formativos decisivos”. Por isso, o tema “precisa de ser encarado seriamente como um assunto de saúde pública”, apontando-se para a prevenção e o apoio.

Outras medidas, acrescenta Lynnmarie Sardinha, autora do estudo, incluem educação secundária para todas as raparigas, “garantir direitos de propriedade de igualdade de género e acabar com práticas prejudiciais, como o casamento infantil, que são muitas vezes sustentadas pelas mesmas normas de género injustas que perpetuam a violência contra mulheres e raparigas.”