Uma investigação publicada pelo Guardian e elaborada pela Kick Big Polluters Out (KBPO) analisou as bases de dados das cimeiras do clima nos últimos quatro anos. Entre a COP26 e a COP29, pelo menos 5.368 lobistas da indústria dos combustíveis fósseis tiveram livre acesso às negociações ali produzidas. A COP28, realizada em 2023 nos Emirados Árabes Unidos, foi a recordista com 2.456 lobistas desta indústria credenciados.
O conjunto destes lobistas representa 859 empresas e organizações do setor. Destas, pelo menos 180 são empresas de petróleo e gás. Entre as que mais lobistas enviaram às cimeiras estão a Shell (37), BP (36), Exxon (32) e Chevron (20).
Só 90 destas empresas presentes nas cimeiras do clima representaram 57% da produção de petróleo e gás em todo o mundo no ano passado e 63% dos planos de expansão de produção a curto prazo.
A KPBO congratula-se por ver que graças à pressão da sociedade civil, a COP30 irá pela primeira vez obrigar os participantes não-governamentais a declararem quem financia a sua participação e que os seus objetivos estão de acordo com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Mas alerta que há lobistas que vêm às cimeiras a convite e integrados nas delegações dos países e que assim não serão sujeitos a essa nova regra.
Mais de 225 organizações apelaram à organização da cimeira que arranca na segunda-feira em Belém do Pará, no Brasil, para que a COP30 fosse uma “cimeira livre de poluidores”, cortando com os habituais patrocínios e o livre acesso dos lobistas, mas lamentam não terem recebido como resposta qualquer ação significativa. “Até que a obstrução comprovada da indústria de combustíveis fósseis seja resolvida e proteções fortes e duradouras sejam implementadas, a COP30 e todas as futuras COPs estão condenadas ao fracasso”, sublinham.