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Tsipras desafiou oposição a apoiar governo nas negociações

Numa sessão extraordinária do parlamento grego, Alexis Tsipras voltou a defender a necessidade da reestruturação da dívida grega e acusou os partidos do anterior governo de não terem feito as reformas de que o país precisa.
O primeiro-ministro grego foi ao parlamento defender a estratégia negocial do governo.

Depois de um fim de semana de negociações técnicas em Bruxelas, marcadas pelo apertar do garrote financeiro à Grécia, o primeiro-ministro grego foi ao parlamento de Atenas fazer o ponto da situação e confirmar a apresentação de uma lista de reformas de curto prazo para combater a evasão fiscal. “Chegou o tempo dos privilegiados começarem a pagar e de acabar o saque aos trabalhadores e à classe média”, afirmou Alexis Tsipras, desafiando a oposição a apoiar o governo nas negociações para “levantar o país da lama do memorando” de austeridade.

O debate ficou marcado por acusações entre Tsipras e o derrotado líder da Nova Democracia, Antonis Samarás. A propósito do plano de pagamento de dívidas fiscais em atraso, o primeiro-ministro comparou o resultado de uma iniciativa semelhante tomada pelo governo da Nova Democracia e do PASOK, que em cinco meses recolheu 70 milhões de euros, enquanto o plano lançado pelo novo governo recolheu 100 milhões de euros na primeira semana. E acusou Samarás de ter transformado a Grécia no único país que não refinanciava a sua dívida, pagando-a do orçamento, tendo por isso encontrado os cofres vazios quando tomou posse.

Para conseguir pagar a dívida, prosseguiu Tsipras, não basta aumentar a receita fiscal — é fundamental que consiga restruturá-la. “Há hoje um reconhecimento da necessidade de finalmente começar a discutir a necessária restruturação da dívida grega. Porque sem essa intervenção, será impossível pagá-la” declarou aos deputados.

Para conseguir pagar a dívida, prosseguiu Tsipras, não basta aumentar a receita fiscal — é fundamental que consiga restruturá-la. “Há hoje um reconhecimento da necessidade de finalmente começar a discutir a necessária restruturação da dívida grega. Porque sem essa intervenção, será impossível pagá-la” declarou aos deputados.

Respondendo aos que acusam o Syriza de estar a seguir as políticas do memorando – o líder do PASOK, Venizelos, chegou a chamar Tsipras de “merkelista” – o primeiro-ministro grego respondeu: “Vocês têm de decidir se acham que estamos a cumprir o memorando ou a levar o país para o desastre. Os dois ao mesmo tempo é que não pode ser. As contradições no vosso discurso mostram bem que a estratégia está confusa. Afinal, governaram cinco anos através dos emails da Troika”.

Para contrariar “o estado de asfixia de crédito sem precedentes” em que a Grécia vive, Tsipras mostrou-se confiante no apoio da população à sua estratégia negocial, usando-o como argumento para encostar a oposição às cordas: “Os partidos da oposição devem responder esta noite: vão apoiar a política de negociações do governo para acabar a austeridade que destruiu a economia e a sociedade grega, ou vão ser os porta-vozes dos que criaram o memorando?”. Mas não conseguiu nenhuma resposta positiva das restantes bancadas, à exceção dos parceiros de coligação dos Gregos Independentes.

O debate ficou ainda marcado pela advertência da presidente do parlamento, Zoe Konstantopoulou, ao antigo primeiro-ministro pelas passagens “racistas” e “sexistas” do seu discurso. Samarás começou a intervenção por dizer “Vou ser franco, porque venho de uma escola masculina” e referiu-se às “hordas de imigrantes que conquistaram o centro de Atenas” após a vitória do Syriza, no que foi secundado pelo recém-libertado líder da Aurora Dourada.

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