Trump indiciado na Geórgia por conspiração para reverter derrota nas eleições de 2020

15 de agosto 2023 - 19:13

Além do ex-presidente dos Estados Unidos, estão indiciados outros 18 arguidos, entre os quais o ex-chefe de gabinete da Casa Branca Mark Meadows, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, e um funcionário do Departamento de Justiça da administração Trump, Jeffrey Clark.

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Foto de Gage Skidmore.

Ao todo são 98 páginas de acusação, 19 réus e 41 acusações criminais, sendo que todos os arguidos estão indiciados por extorsão. A acusação garante que os réus "consciente e intencionalmente se juntaram a uma conspiração para mudar ilegalmente o resultado da eleição em favor de Trump", “em vez de cumprir o processo legal da Geórgia para contestações eleitorais”.

Após Joe Biden ter vencido a corrida presidencial, Donald Trump e os seus associados terão posto em prática um plano para desafiar a legitimidade dos resultados da eleição. Depois do fracasso de dezenas de processos eleitorais, Trump procurou pressionar os líderes estaduais por forma a anular as vitórias de Biden nos principais estados do campo de batalha. Especificamente na Geórgia, Trump fez um telefonema para o secretário de Estado, o republicano Brad Raffensperger, para exigir que ele “encontrasse” votos suficientes para reverter a vitória de Biden.

Dias depois, um grupo de trumpistas invadiu o Capitólio dos Estados Unidos na tentativa de interromper a formalização, por parte do Congresso, da vitória de Biden.

Na sequência destes acontecimentos, o promotor distrital do condado de Fulton, Fani Willis, iniciou um trabalho de investigação que culminou com a acusação contra Trump nesta segunda-feira. O ex-presidente norte-americano enfrenta 13 acusações, entre as quais a violação de uma lei de anticorrupção. A ser confirmada, esta implica uma pena de prisão.

Sob Trump já recaem largas dezenas de acusações: quatro por tentar reverter resultados eleitorais, 34 acusações por pagamentos à atriz pornográfica Stormy Daniels, durante a campanha eleitoral de 2016, e 40 acusações por roubo e retenção de documentos confidenciais.

Trump fala em “acusação de motivação política”

Em entrevista à Fox News Digital, o ex-presidente norte-americano afirmou que “esta acusação de motivação política, que poderia ter sido feita há três anos, foi adaptada” para aparecer em plena campanha política.

Em comunicado, a equipa de Trump refere-se ao procurador distrital como um "partidário raivoso" que apresentou "acusações falsas" para interferir na corrida presidencial de 2024 e "prejudicar a campanha dominante de Trump".

“Este último ataque coordenado por um procurador tendencioso numa jurisdição predominantemente democrata não apenas trai a confiança do povo americano, mas também expõe a verdadeira motivação por detrás das suas acusações fabricadas”, lê-se na missiva.

Esta terça-feira, Trump mostrou-se convicto de que vai ser ilibado de "todas as acusações" que lhe são imputadas a si e a outros 18 arguidos no mesmo processo.

"Um grande, complexo, detalhado, mas irrefutável relatório sobre a fraude eleitoral presidencial que ocorreu na Geórgia está quase completo e vou apresentá-lo numa importante conferência de imprensa", anunciou o ex-governante.

"Haverá uma ilibação total. Eles nunca procuraram quem cometeu fraude nas eleições", continuou.

A apresentação vai acontecer na segunda-feira, em Bedminster, New Jersey.

Vontade e vozes dos eleitores da Geórgia não podem ser silenciadas

“As conspirações de negação eleitoral do ex-presidente deram origem a um novo movimento antidemocrático que produziu legislação anti-eleitoral, ameaças aos trabalhadores eleitorais e minou a fé na democracia com mentiras e falsas alegações”, afirmou Xakota Espinoza, porta-voz do Fair Fight, organização de direitos de voto com sede na Geórgia.

Conforme defendeu o ativista, esta acusação deve servir como um aviso para os futuros políticos anti-eleitorais de que a vontade e as vozes dos eleitores da Geórgia não podem ser silenciadas.

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