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Tribunal espanhol investiga ex administradores do Bankia

O juiz da Audiência Nacional Fernando Abreu considerou admissível a queixa apresentada pelo partido União, Progresso e Democracia (UpyD) contra 33 ex membros do conselho de administração do Bankia e da sua casa mãe, o Banco Financeiro e de Aforros (BFA), entre os quais Rodrigo Rato, membro do Partido Popular, ex vice presidente do governo espanhol e ex diretor gerente do Fundo Monetário Internacional.
Cartoon de Ferran Martin 2012, publicado em lainformacion.com

O ex presidente do Bankia, ex vice presidente do governo e ex diretor gerente do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo Rato, que sucedeu a Miguel Blesa na presidência da Caixa de Madrid em 2010, quando esta veio a formar, com outro grupo de Caixas lideradas pela Bancaja, o Bankia, é um dos 33 ex administradores sob investigação que terão que prestar declarações perante a Audiência Nacional. Encontram-se na mesma situação o ex presidente da Bancaja, José Luis olivas, e o ex ministro do Interior, Ángel Acebes.

O auto do Tribunal não especifica quais são os delitos presumivelmente cometidos pelos ex responsáveis do Bankia, contudo, segundo o El Mundo, os crimes em investigação são: falsificação de contas, administração desleal, apropriação abusiva e manipulação de preços.

O Tribunal solicitou uma extensa documentação ao Bankia e às Caixas de Aforro que o formaram, assim como ao Banco de Espanha, à Comissão Nacional do Mercado de Valores, à Bolsa de Valores Nacional e às Bolsas de Valores de Madrid, Barcelona, Bilbao e Valência.

Conforme adianta o El Pais, a Audiência Nacional pretende obter, entre outras, informações detalhadas, por parte das Caixas de Aforro que formaram o Bankia, sobre as operações de crédito, aval ou garantias, desde 2008, a favor dos diretores e assessores e dos seus familiares e a favor dos partidos e grupos políticos que tenham representação nas administrações locais e parlamentos autónomos e que tenham participado no processo eleitoral da correspondente Caixa de Aforro.

Da Comissão Nacional do Mercado de Valores o Tribunal quer, por sua vez, obter a documentação relativa ao processo de saída do Bankia da Bolsa, enquanto ao Banco de Espanha solicita os documentos da inspeção desde janeiro de 2011, o plano de recapitalização apresentado ao Banco de Espanha em janeiro de 2012, os comunicados relativos às retribuições dos diretores e assessores do Bankia e do BFA desde dezembro de 2010 e o plano de saneamento alternativo apresentado por Rodrigo Rato antes do mesmo abandonar a direção do Bankia.

À Comissão de Administração do Fundo de Reestruturação Bancária o Tribunal pede toda a documentação sobre o Bankia, incluindo os documentos relativos ao novo pedido de injeção adicional de capital de 19 mil milhões de euros solicitado pelo grupo BFA-Bankia quando tomou posse o novo presidente, José Ignacio Goirigolzarri.

Numa audiência marcada para dia 23 de julho, o Tribunal decidirá quais as medidas cautelares a serem aplicadas, que incluem a intervenção judicial no Bankia, como pede o UpyD, que pressupõe a substituição dos gestores por um administrador concursal. Em causa está também o possível pagamento de uma fiança que cubra a responsabilidade civil e a apreensão de bens para fazer face a esta.

Na audiência serão ouvidos, enquanto testemunhas, o ex governador do Banco de Esapanha, Miguel Ángel Fernández Ordóñez, o presidente da Comissão Nacional do Mercado de Valores, Julio Segura, o sócio da Deloitte encarregue do Bankia, Francisco Celma, e o representante legal da Comissão de Administração do Fundo de Reestruturação Bancária (FROB).

A secretária-geral do UPyD, Rosa Díez, citada pelo El Mundo, acusou os gestores do Bankia de orquestrar uma "fraude maciça" mediante a “falsificação de dados” que acabou por prejudicar milhares de pequenos investidores.

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