Lutas

Trabalhadores do grupo Vidrala em greve na Marinha Grande

25 de março 2025 - 14:33

Paralisação arrancou na Santos Barosa e prossegue nas restantes empresas do grupo até dia 29. Trabalhadores exigem aumentos salariais e do subsídio de turno e queixam-se das más condições de trabalho.

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Trabalhadores em greve à porta da Santos Barosa, do grupo Vidrala
Trabalhadores em greve à porta da Santos Barosa, do grupo Vidrala. Imagem RTP

A Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM) convocou greve na Marinha Grande, entre 25 de março e 29 de março, para os trabalhadores do sector vidreiro.

Em causa estão trabalhadores das três empresas do Grupo Vidrala - Santos Barosa, Gallo Vidro e Vidrala Logistics. As greves decorrem de noite e dia, com permanência de largas dezenas de trabalhadores como piquetes de greve na entrada das fábricas.

Nos três pré-avisos de greve constam reivindicações como aumentos de salários e de subsídio de refeição, atualização do subsídio de turno, 35 horas de trabalho semanais, prémio de produção ou mais dias de férias.

Greve com grande adesão

Fátima Messias, coordenadora do FEVICCOM, explicou que “A greve vai estender-se ao longo da semana nas três empresas. A primeira é a Santos Barosa, que começa às 05h00, nos turnos, e continua. No dia seguinte entra a Gallo Vidro, também de manhã. São dois dias de greve para cada empresa e a última das empresas, a Vidrala, começa no final da semana e vai até à manhã do dia 29”.

Antecipou uma grande adesão à paralisação nas três empresas, com cerca de 900 trabalhadores,  “contamos com uma boa adesão dos trabalhadores. Foram eles que mandataram o Sindicato [dos Trabalhadores da Indústria Vidreira] e a Federação para apresentar estes pré-avisos de greve. Foram eles que decidiram o tempo, o modo e a forma de estabelecer esta greve no grupo”.

À porta da Santos Barosa, os trabalhadores concentraram-se de manhã. Em declarações à RTP, Sandra Ferreira diz nunca ter visto desde os anos 1990, “quando vim para aqui trabalhar, condições de trabalho como há atualmente. Eles estão-se a marimbar para o pessoal que produz dentro desta empresa. Nós é que temos de passar aqui todas as noites, eu passo metade das noites da minha vida, eu e os meus colegas, a trabalharmos aqui”.

“Fins de semana, feriados, natais, estamos cá todo o ano e não há essa recompensa…”

A injustiça do valor do subsídio de turno é outra das queixas de quem aqui trabalha. Para António Loureiro, “é injusto esta empresa estar a pagar 22,5% desde que eu aqui trabalho. Toda a gente tem família e filhos. Fins de semana, feriados, natais, estamos cá todo o ano e não há essa recompensa…”

Pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira falou David Vergueira para dar conta de quase 100% de adesão ao primeiro dia de greve no grupo Vidrala, em que nesta fábrica “quase toda a produção está parada, mantendo-se apenas em funcionamento duas máquinas para retirar carga térmica às masseiras”.

Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, também marcou presença no arranque da greve e disse aos jornalistas que “a empresa terá de perceber que quando um trabalhador luta, luta convicto de que tem a razão do seu lado. Que se sente à mesa para negociar”, desafiou.