A coligação autárquica Bloco+Livre+… em Vila Nova de Gaia tornou pública a oposição ao novo traçado anunciado para a linha de alta velocidade no concelho. Em comunicado, a coligação lembra que o caderno de encargos previa apelas 20% do percurso à superfície, com uma estação subterrânea em Santo Ovídio integrada na rede do Metro do Porto com ligação a duas linhas e uma nova ponte rodoferroviária sobre o Douro.
Mas as alterações anunciadas pelo consórcio representam “um grave atentado ao interesse público nacional e à qualidade de vida dos gaienses”, refere a coligação, ao transformarem a ponte única em duas pontes separadas, “deslocando a estação de Santo Ovídio para Vilar do Paraíso, aumentando para quase 60% o traçado à superfície, transferindo encargos para os municípios e desvirtuando qualquer ligação ao metro e respetiva intermodalidade”.
Eleições autárquicas
Coligação junta Bloco e Livre num “projeto ambicioso” para o município de Gaia
“O que deveria ser uma infraestrutura estruturante para a mobilidade sustentável no país está a ser transformado num projeto feito à medida de cortes orçamentais e de transferências de custos para os municípios”, denuncia a coligação encabeçada por João Martins.
Com o aumento do percurso à superfície, apresentado sem que haja um estudo de impacte ambiental, “mais famílias perderão as suas casas, mais bairros ficarão fragmentados e o ruído associado ao tráfego ferroviário afetará diariamente milhares de pessoas”. Por outro lado, “o consórcio LusoLAV tenta transferir para Vila Nova de Gaia e para o Porto encargos que não lhes cabem: a manutenção de novas pontes rodoviárias, a construção de acessos viários e até investimentos adicionais no Metro do Porto”, apontam Bloco e Livre.
“O que está em causa é uma estratégia de redução de custos privados à custa do erário público, em clara violação do caderno de encargos, que definia a localização da estação, o tipo de traçado e os requisitos mínimos de integração”, resumem, denunciando a ausência de debate público ou de consulta às entidades competentes sobre estas alterações profundas ao plano original e lamentando que assim se possa perder “uma oportunidade histórica para melhorar a mobilidade no Norte e ligar Portugal à Europa em condições de sustentabilidade e justiça social”.