À margem da Marcha do Orgulho LGBTI+ que decorreu este sábado em Lisboa, Mariana Mortágua respondeu às perguntas dos jornalistas sobre as conclusões que ela retira da Comissão de Inquérito à TAP. A coordenadora bloquista sintetizou-as em três pontos.
O primeiro é que esta provou que “a privatização anterior da TAP foi um desastre”. A atividade dos deputados confirmou que David Neeleman “utilizou o dinheiro da TAP para comprar a própria TAP”.
O segundo ponto é que com esta Comissão de Inquérito se mostrou que “é possível ter uma empresa pública bem gerida se houver escrutínio e transparência”. Por isso, a dirigente política mostra-se satisfeita pelo Bloco a ter proposto. Assim, “hoje o problema dos prémios não se vai por noutras empresas públicas porque precisamente houve esta comissão de inquérito”.
Mariana Mortágua pensa que o caso da indemnização a Alexandra Reis ocorreu porque “aparentemente ninguém se lembrou que a TAP é uma empresa pública” e que “as empresas públicas têm regras de transparência”. Mas o trabalho da CPI terá servido “para que não se volte a repetir” e “para que de hoje em diante, quanto mais não seja por saberem que uma comissão de inquérito pode existir, os gestores das empresas públicas ea s respetivas tutelas tenham cuidado com aquilo que é nosso”.
Para além disso, a Comissão de Inquérito serviu “para dizer que ter uma empresa pública não basta, ela tem de ser bem gerida”.
Garantias de Medina não convencem
O terceiro ponto é sobre o futuro: o governo “decidiu privatizar a TAP sem qualquer tipo de garantia”. Passado um ano desde o anúncio desta nova privatização “continuamos sem saber qual é a garantia de defesa do interesse público que o governo mantém na privatização da TAP”.
O executivo parece que está “à espera de ver quem dá mais para vender a TAP; mais uma empresa privatizada ao capital estrangeiro, para enriquecer acionistas estrangeiros, e logo agora que a TAP está a dar lucro”, não se colocando “uma única condição para a privatização”.
Sobre as “garantias” dadas através de declarações do ministro das Finanças, Mariana Mortágua recordar: “ouvi garantias sobre privatização de empresas vezes e vezes sem conta e desafio alguém a olhar para as empresas que foram privatizadas e dizer uma que esteja a funcionar melhor ou que não esteja a enriquecer acionistas privados”.
Ou seja, “todas as empresas que foram privatizadas em Portugal acabaram destruídas ou em mãos estrangeiras a enriquecer acionistas estrangeiros”. Exemplificando-se com a EDP que “está a lucrar com as contas da luz e com as rendas da energia”, a PT que “foi destruída”, a Cimpor que “já lá vai”, a Sorefame que também “já lá vai”, a ANA que “dava lucro foi privatizada, continua a dar lucro ao seu acionista privado e que está a prejudicar ativamente a atividade da TAP no aeroporto de Lisboa”.