Swaps: Bloco acusa Governo de ser irresponsável e indecente

30 de junho 2013 - 14:03

A coordenadora nacional do Bloco afirmou que “é uma irresponsabilidade, uma leviandade que o Governo possa ter estado dois anos sentado em cima de um problema como os swaps ao mesmo tempo que diz que quer cortar mais 4 mil milhões de euros naquilo que é essencial à vida das pessoas”. “É mesmo a marca de um Governo indecente”, frisou Catarina Martins, adiantando ainda que “a troika está tão incapaz de dar resposta ao nosso país como o Governo”.

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Foto de Paulete Matos.

Numa visita ao centro de acolhimento aos sem abrigo da associação Tégua, em Portalegre, a dirigente bloquista lembrou que “em Portugal, a pobreza está a aumentar a pobreza de uma forma alarmante e com ela também a situação das pessoas que estão sem abrigo”.

“2,7 milhões de portugueses estão em situação de pobreza. Quase 2 em cada 5 crianças. E quando se fala em fazer cortes no Estado Social, nas políticas de austeridade que retiram apoios às pessoas e que retiram apoio também a estas instituições, é preciso perceber que a austeridade tem vítimas, e as vítimas é esta pobreza galopante”, referiu Catarina Martins.

“Quando se diz hoje que é preciso cortar mais 4 mil milhões de euros no Estado sabemos que são os mais frágeis que vão ficar mais desprotegidos. Quem já não tem acesso à saúde, quem já não consegue ter casa ficará ainda mais desprotegido do que já está”, acrescentou.

“É mesmo a marca de um Governo indecente”

Para a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, “é uma irresponsabilidade, uma leviandade, que o Governo possa ter estado dois anos sentado em cima de um problema como os swaps, que sabe que trazem um prejuízo de 3 mil milhões de euros ao Estado, ao mesmo tempo que diz que quer cortar mais 4 mil milhões de euros naquilo que é essencial à vida das pessoas, que é a Saúde, a Educação, a Segurança Social”.

A deputada do Bloco de Esquerda defendeu que “a política tem de ser sobre prioridades, sobre pessoas e tem de ser responsável”, e “responsabilidade é apoiar quem está mais frágil, é apoiar instituições como esta que apoia os sem abrigo, é prevenir a existência de sem abrigo, dar garantias às pessoas para que possam ter a sua casa. E é não aceitar que os recursos públicos sejam desperdiçados”.

“Dois anos um Governo sentado em cima de um esbanjamento de 3 mil milhões de euros de dinheiro público quando precisamos de todos os recursos para acudir àqueles que estão mais frágeis entre os mais frágeis é algo de completamente irresponsável, inaceitável. É mesmo a marca de um Governo indecente”, reforçou.

“A troika está tão incapaz de dar resposta ao nosso país como o Governo”

Questionada sobre as dúvidas da troika relativamente à capacidade do Governo de implementar os cortes de 4 mil milhões de euros, Catarina Martins sublinhou que “o Governo tem-se revelado incapaz, mas é preciso dizer também que a troika é incapaz”.

“A troika impôs uma política de austeridade em nome de equilibrar as contas públicas e de controlar a dívida pública. O que nós temos hoje é uma em cada 5 pessoas em Portugal em situação de pobreza. Um milhão e quinhentos mil portugueses sem emprego, mais de metade dos quais sem nenhum apoio e temos que o nosso défice trimestral está em 10,6%, completamente descontrolado, e a dívida pública vai chegar a 140%, segundo o próprio Fundo Monetário Internacional”, lembrou a dirigente do Bloco.

“O que dizemos à troika é que sim, é impossível cortar 4 mil milhões de euros no Estado. Nós sabíamo-lo desde o início e temo-lo afirmado. O que nós precisamos não é de cortes e de austeridade, o que nós precisamos é de crescimento económico, é de criar riqueza e de responder aos mais frágeis”, adiantou catarina Martins, defendendo o aumento das pensões mais baixas e do salário mínimo, bem como a garantia do apoio social a todas as pessoas que estão em situação de desemprego.

“Precisamos de dignidade e decência para uma economia que possa crescer e que possa cumprir os seus compromissos. E a troika está tão incapaz de dar resposta ao nosso país como o Governo”, rematou a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda.