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Snowden: "Não são os dados que estão a ser explorados, são as pessoas”

O ex-analista informático que denunciou as práticas de espionagem massiva dos EUA afirmou que foi criado “um sistema que torna a população vulnerável para benefício dos privilegiados".
Edward Snowden. Foto de Web Summit, Flickr.

Edward Snowden participou na abertura da quarta edição da Web Summit a partir da Rússia, onde se encontra asilado. Durante a sua intervenção, transmitida por videoconferência, o especialista em tecnologia assinalou que “as mais poderosas instituições da sociedade são as menos responsabilizáveis”.

“A minha geração, e particularmente a geração depois da minha, já não são donos de nada. Usamos estes serviços e criamos um registo permanente – e isto é o que escapa às pessoas”, afirmou o ex-analista informático que denunciou as práticas de cibervigilância massiva das agências de informação norte-americanas.

“Não são dados que estão a ser explorados, são as pessoas que estão a ser manipuladas”, vincou.

“A recolha de informação e a vigilância acontecia de forma completamente diferente”, sinalizou, avançando que, ao contrário da época em que as autoridades vigiavam pessoas específicas, agora, toda a gente é observada, “em todo o lado, durante todo o tempo”.

Questionado sobre a eficácia do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), Snowden defendeu que "o problema não é a proteção de dados, mas sim a recolha de dados".

“Não há problema em recolher [dados] desde que não haja uma fuga", no entanto, o que percebemos em 2013 é que "há sempre uma fuga", acrescentou.

O especialista em tecnologia referiu também que o modelo de negócios de empresas como o Google e o Facebook "é abusivo", não obstante, é considerado "legal".

"Esse é que é o verdadeiro problema, nós legalizámos o abuso [relativamente aos dados pessoais recolhidos], criámos um sistema que torna a população vulnerável para benefício dos privilegiados", afirmou.

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