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Sindicato de Jogadores de Futebol apresenta medida contra tráfico humano

O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol está apostado em combater e “honrar” futebolistas que são vítimas de tráfico humano, imigração ilegal e burla. Desde 2017, conforme tinha sido noticiado o ano passado, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras identificou mais de 250 jogadores que foram vítimas de crimes de auxílio à imigração ilegal e tráfico de seres humanos. Foram investigados 58 clubes e constituídos perto de cem arguidos entre pessoas individuais e coletivas. Já este ano, em junho, uma operação policial a uma academia de futebol detida pela Bsports somou mais oito arguidos, três cidadãos e cinco sociedades.
O SJPF propôs, na passada sexta-feira, em carta enviada aos grupos parlamentares, cinco medidas de combate ao fenómeno. Este domingo, a Lusa revela que o sindicato vai lançar na próxima época um manual de entrada e acolhimento do jogador brasileiro que mais tarde será adaptado para outras nacionalidades. Para além disso, propõe-se a criação de uma plataforma digital para partilha de notícias, informação, legislação e jurisprudência, mecanismos de denúncia ou respostas sociais, que seja instituída uma declaração de interesses dos agentes desportivos para permitir às entidades fiscalizadoras perceber as suas ligações diretas a vários negócios do futebol, que se envolvam as autarquias, formando “agentes de prevenção local”, em articulação com as respetivas associações de futebol e autoridades, e que se dinamize uma “rede integrada de apoio”.
Sobre estas propostas, Joaquim Evangelista, presidente do SJPF, declara que “mais do que alterar as normas – e isso é importante –, interessa-nos mudar a atitude com que se responde a este flagelo. Revemo-nos numa posição multidisciplinar, que assenta numa visão a montante, sobre os requisitos de entrada, e a jusante, no cumprimento das obrigações em território português. Temos memória e queremos que a sociedade esteja atenta, pois a forma como encaramos este problema diz muito sobre o país que somos e queremos ser”.
O sindicato critica a “ausência de articulação entre as várias entidades públicas e privadas” e diz que “temos de ter a capacidade de não fechar os olhos à realidade”, o que “aconteceu durante muito tempo por interesse próprio e, muitas vezes, com a cumplicidade de jogadores, treinadores e dirigentes”.
O dirigente sindical considera que a situação se tem vindo a alterar. Hoje “estamos melhor do ponto de vista mediático. Ou seja, hoje já conseguimos mobilizar a comunidade”. Mas estes fenómenos “acontecem, sobretudo, no interior do país e longe das grandes localidades” e “o problema tem raízes mais profundas do que o seu impacto público e precisamos de agir a esse nível estrutural”, alerta.
Vinca ainda que a atenção mediática não resolve por si só a situação: “não basta colocar o tema na ordem do dia aquando de uma infração ou do conhecimento público de um crime. Este assunto tem de estar na agenda recorrentemente e não o podemos olhar só de mês a mês”.
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