Os serviços mínimos para o último turno do dia de greve na função pública só foram convocados três minutos antes pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Terá sido quando o INEM percebeu que faltariam os trabalhadores que eram necessários.
A informação é avançada pelo Expresso, e foi a ministra da Saúde que o confirmou, afirmando que é preciso apurar responsabilidades mas recusando confirmar se tinha conhecimento de que os serviços mínimos não tinham sido acionados de forma antecipada.
Saúde
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No parlamento, a ministra da Saúde admitiu que “pelo menos um dos turnos – de oito horas – não cumpriu os serviços mínimos” por “falta de recursos humanos”. Era precisamente o turno entre as 16h e a meia-noite no último dia de greve da função pública.
A convocação do INEM para os serviços mínimos terá acontecido às 15h57 desse dia, segundo a informação confirmada pelo Expresso e pela SIC, que tiveram acesso ao e-mail enviado a essa hora. Para já, o presidente do INEM, Sérgio Dias Janeiro, não admite que a convocação aconteceu menos de 24 horas antes do momento da greve, como deveria ter sido.
O e-mail em questão foi enviado pelos Recursos Humanos do INEM, afirmando que uma vez que os serviços mínimos não foram convocados pelos sindicatos, compete ao INEM fazê-lo. Segundo o Expresso, o e-mail foi enviado para todos os trabalhadores, sem nomeações diretas, exigindo que sejam cumpridas as escalas, apesar de ter sido enviado apenas três minutos antes da última escala começar.
“Está na hora de assumir responsabilidades políticas”
A deputada bloquista Marisa Matias esteve esta terça-feira na CNN Portugal a discutir as falhas no INEM, onde afirmou que é preciso tirar responsabilidades políticas destas falhas, que tiveram consequências fatais.
“No caso do INEM particularmente, a senhora ministra não pode dizer que não conhecia”, afirma Marisa Matias. “O que ela assume é a responsabilidade pelo que correu menos bem, mas não estamos a falar de uma coisa que correu menos bem, estamos a falar de uma situação trágica”.
INEM
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A dirigente do Bloco de Esquerda defendeu que este comportamento é “um padrão” deste Ministério e da ministra Ana Paula Martins e que já se viu nas urgências pediátricas de Viseu ou na ULS Almada/Seixal, onde a ministra “culpou os conselhos de administração”.
Mas em relação ao INEM, a situação é mais grave porque “ignorou e decidiu fazer um braço-de-ferro com os técnicos de emergência pré-hospitalar”, mas também porque os problemas da gestão do INEM já vinham de antes, com a despedida de Luís Meira e a sua substituição. “Uma ministra que põe a hipótese de ter quatro administrações do INEM em pouco mais de seis meses, é grave”.