Salto recorde na concentração de CO2 na atmosfera

16 de outubro 2025 - 18:50

As emissões de gases com efeito de estufa com origem humana atingiram o nível mais elevado de sempre em 2024, apesar de todas as promessas de ação climática mais consequente. A Organização Mundial de Meteorologia considera “essencial” a sua redução.

PARTILHAR
CO2 na atmosfera.
CO2 na atmosfera. Ilustração publicada na página da OMM.

O Boletim sobre Gases com Efeito de Estufa da Organização Mundial de Meteorologia Nº 21 divulgado esta quarta-feira revela que, em 2024, os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiram níveis recorde.

Desde a década de 1960 que as taxas de crescimento de CO2 triplicaram. O seu aumento médio era de 0,8 ppm por ano e passou para 2,4 ppm por ano na década de 2011 a 2020. Contudo, entre 2023 e 2024, a concentração média global de CO2 aumentou 3,5 ppm. Este é o maior aumento desde que as medições modernas começaram em 1957.

Este relatório responsabiliza por este crescimento as emissões com origem em atividades humanas, nomeadamente a persistência na queima de combustíveis fósseis a níveis incomportáveis, e o aumento dos incêndios florestais.

Ao mesmo tempo, assiste-se a uma redução da absorção de CO2 através dos chamados “sumidouros de carbono”, o que “ameaça ser um ciclo vicioso climático”. Até agora, perto de metade das emissões de CO2 anuais eram retiradas da atmosfera através da dissolução no oceano ou da absorção por árvores e plantas em crescimento. Mas os oceanos estão a ficar mais quentes, absorvendo assim menos CO2, e condições mais quentes e secas e mais incêndios florestais implicam também menos crescimento das plantas.

As concentrações atmosféricas de metano e óxido nitroso, que são o segundo e o terceiro gases com efeito de estufa mais importantes relacionados com as atividades humanas, também atingiram níveis recorde no ano passado.

Ko Barrett, a secretária-geral adjunta da organização, explica que “o calor retido pelo CO2 e outros gases com efeito de estufa está a sobrecarregar o nosso clima e a conduzir a eventos climáticos mais extremos. A redução das emissões é, portanto, essencial não só para o nosso clima, mas também para a nossa segurança económica e o bem-estar da comunidade”.

Os efeitos das emissões de CO2, alerta a OMM, perdurarão por séculos devido ao tempo de vida longo deste gás na atmosfera.

Sobre o próprio boletim, a sua coordenadora, Oksana Tarasova, defende que “manter e expandir a monitorização dos gases com efeito de estufa é fundamental para apoiar estes esforços” de redução de emissões. Aliás, um dos objetivos desta edição é fornecer “informação científica credível” à próxima Cimeira sobre as Alterações Climáticas, a COP 30, que se irá reunir em novembro em Belém, no Brasil.

Termos relacionados: Ambiente CO2 Poluição do ar