Está aqui
Ricardo Robles: É preciso apontar responsabilidades aos 10 anos de maiorias absolutas do PS em Lisboa
Na noite desta quarta-feira, a SIC promoveu um debate entre os principais candidatos e candidatas à autarquia de Lisboa: Ricardo Robles (Bloco de Esquerda), Fernando Medina (PS), João Ferreira (CDU), Teresa Leal Coelho (PSD) e Assunção Cristas (CDS). O candidato bloquista defendeu que “é preciso apontar responsabilidades aos 10 anos de maiorias absolutas do PS em Lisboa" e afirmou que “os lisboetas podem esperar do Bloco um mandato por inteiro, assumindo todas as responsabilidades e a tempo inteiro, não em regime part-time”. Assim, comprometeu-se a “estudar os dossiers, a ficar na cidade e a resolver os problemas, colocando as prioridades em cima da mesa”.
Foi sobre prioridades que Ricardo Robles falou, apresentando as propostas do Bloco para a cidade, nas áreas da habitação, dos transportes públicos, da transparência – “para acabar com as negociatas” - e dos equipamentos sociais, como as creches - “O PS prometeu há oito anos 60 creches, mas apenas criou 12; isto também de ser uma prioridade”.
A prioridade das prioridades é a habitação
Para Ricardo Robles, “esta campanha eleitoral é importante porque vem estabelecer prioridades e a prioridade das prioridades, em Lisboa, é a habitação, sem dúvida”. Fazendo um balanço crítico da gestão de Fernando Medina e do PS, o candidato do Bloco também pediu contas às candidatas da direita e lembrou a lei do aumento das rendas, da responsabilidade da candidata Assunção Cristas, no governo liderado por Passos Coelho: “Foi o maior ataque aos moradores e ao direito à habitação nas cidades”, disse, enumerando as suas consequências, como os despejos, os aumentos das rendas e “a expulsão de quem gosta de viver em Lisboa”.
“É preciso apontar as responsabilidades de quem governou a cidade nos últimos 10 anos”, defendeu Robles e, por isso, criticou Medina, “para quem agora a habitação também é uma prioridade”, dando exemplos do que ficou por fazer, apesar das maiorias absolutas do PS: “No último programa eleitoral do PS, de 2013, veja-se a página 47 e 48 - custos acessíveis em todas as freguesias de Lisboa, habitação para todos; veja-se a página 48 - mil fogos em Carnide e em Benfica. Eu pergunto: quantos destes fogos têm lá gente a viver?”
Além disto, o candidato bloquista lembrou a promessa de Medina de “trazer para Lisboa cinco mil famílias”, aquando da sua tomada de posse, referindo que afinal “nenhuma família veio ou foi incluída naquele programa, nenhuma chave foi entregue”.
Sobre o programa da Renda Acessível, Robles considera que “é a pior solução” para a cidade de Lisboa e explica porquê: “Neste programa, a autarquia disponibiliza terrenos e prédios, convoca fundos imobiliários para construir e entrega-lhes, à cabeça, 30 por cento, ou seja, 2500 casas. Estes fundos ficam depois a recolher rendas durante 35 anos. Quando eu e o Fernando Medina tivermos 75 anos, estes fundos ainda estarão a cobrar rendas em Lisboa”.
A proposta do Bloco é a de “um programa 100 por cento público, trazer pessoas para Lisboa, 7500 casas, através de um programa financiado pela câmara, pela taxa turística e pelo fundo de estabilização da Segurança Social”. E "não entregar mais casas ao carrocel da especulação imobiliária", rematou. Robles comentou ainda a ideia de “classe média” do CDS, referindo a propaganda de pré-campanha de Assunção Cristas, que incluía uma fotografia tirada em frente aos terrenos da antiga Feira Popular, “dizendo que aqui temos habitação para a classe média, isto é, apartamentos com rendas de 1300 euros”.
O candidato bloquista apontou também o que considera ser “um dos piores erros da gestão de Fernando Medina”, indicando a política de venda de património imobiliário, “sem condições e alimentando a especulação imobiliária”.
Os transportes são uma prioridade porque estão à beira do colapso
Para o candidato do Bloco, os transportes públicos da cidade “estão à beira do colapso” e acusa o anterior governo PDS-CDS de “quatro anos de destruição e preparação para a privatização”, alegando que “tudo foi feito nas barbas do PS, que nada fez”.
“Precisamos de prioridades”, defendeu, indicando o exemplo da Carris que agora “é do município, e nós somos a fazer disso”, porque “só faz sentido que seja o município a gerir os seus transportes”. Defendeu ainda que o financiamento da Carris tem de ser garantindo, “contando também com o que vem do estacionamento, que tem de dar um contributo importante para que os transportes públicos sejam de qualidade e uma alternativa”.
Sobre o Metro de Lisboa, Ricardo Robles afirmou que “a autarquia tem de ter uma palavra sobre a sua gestão” e criticou o “silêncio” de Fernando Medina sobre os cortes nas carruagens e as alterações aos horários. Para o Bloco, a expansão do Metro “será umas decisões mais importantes para cidade, considerando os próximos anos”. Por essa razão, Ricardo Robles defendeu que os 200 milhões de euros que o atual governo e o executivo camarário pretendem gastar numa linha circular, “enterrando dinheiro numa zona central da cidade, bem servida por transportes públicos e cometendo um erro crasso”, deveriam ser gastos onde não há transportes públicos, onde não há metro, como na zona ocidental da cidade, servindo Campo d’Ourique, Campolide, Alcântara, Ajuda e Belém.
O turismo está a crescer e precisa de regras
Sobre o tema do crescimento do turismo e dos problemas associados, o candidato do Bloco defende que é preciso regras e preparar a cidade “para essa pressão enorme que está a crescer”. Referindo que a posição do PS sobre o turismo em Lisboa tem sido, “até hoje de manhã”, a do “não há regras, nem limites”, Ricardo Robles propõe a limitação do número de hotéis no centro da cidade e um regime de licenciamento próprio e de quotas para o Alojamento Local. “O alojamento local significa partilha, receber num quarto livre ou alugar a casa durante uns mesos no verão; outra coisa é comprar casas para alugar exclusivamente a turistas, isso é turismo habitacional”, justificou.
O Bloco propõe ainda o acréscimo de 1 euro, por noite, na atual taxa turística e que a sua gestão deverá ser feita pela autarquia, “e não entregue aos donos dos hotéis”. Só ano passado, esta taxa rendeu 15 milhões de euros”, lembrou Ricardo Robles. Além disso, estes montantes “devem ser aplicados na compra de habitação, para ser arrendada a custos controlados”, defendeu ainda. “É assim que se criam regras; criar uma cidade que é melhor para os residentes - nos transportes, na habitação, na limpeza urbana e nos equipamentos - é também criar uma cidade que é melhor para os turistas e para quem nos visita”, rematou.
Comentários
METRO em Campo de Ourique
No fim dos anos 1990, apareceram notícias nos jornais que afirmavam que haveria uma
estação de Metro em Campo de Ourique a partir de 2005. Como cidadão que não tem
carro, nem está interessado em ter, sendo utente diário da Carris e, esporadicamente,
do Metro da Baixa-Chiado, estou de acordo com o candidato do Bloco de Esquerda, Ricardo
Robles, quando afirma que zonas de Lisboa como Campo de Ourique, Alcântara, Ajuda,
Belém e Campolide já deviam estar servidas por estações de Metro, em vez de se "enterrar
200 milhões de euros na zona central de Lisboa", já bem servida de autocarros e Metro.
Fala Ricardo Robles no silêncio de Fernando Medina do PS sobre os cortes nas carruagens
do Metro de Lisboa e as alterações nos horários do mesmo. Nos últimos anos surgiram no
Metro de Lisboa o chamado "tempo de espera" que, frequentemente é longo e também
as composições só com três carruagens, que não existiam há uns anos atrás. Sendo o
Metro um meio de transporte rápido e sem engarrafamentos como os que existem à
superfície, não se compreende como se obriga os utentes desse meio de transporte a
esperar, às vezes 10 minutos, por uma composição só com três carruagens quando, há
uns anos atrás as composições do Metro passavam com mais frequência e tinham sempre
quatro carruagens. É a lógica da redução de custos e da chamada otimização que reina
na Administração do Metro de Lisboa e que prejudica os seus utentes que pagam
pontualmente o passe para poderem viajar de Metro.
Fernando Justino
Adicionar novo comentário