Os Repórteres Sem Fronteiras tinham autorização para visitar Julian Assange na prisão de Belsmarsh, em Londres, mas quando os dois representantes da organização chegaram ao local um funcionário disse-lhes que tinham sido retirados da lista de visitantes.
Um deles, Christophe Deloire, secretário-geral da organização, relatou que o funcionário que lhes negou a entrada terá explicado que “o diretor da prisão tomou esta decisão porque somos jornalistas”. Os RSF consideram a justificação “absurda” e “arbitrária”, uma vez que o grupo marcava presença enquanto “representantes de uma ONG que efetua uma visita a Julian, e não na nossa função de jornalistas” e que tinha “seguido todos os procedimentos e regulamentos da prisão”.
Stella Asange, mulher de Julian, contou que ele “estava muito nervoso por não ter podido encontrar-se” com os Repórteres Sem Fronteiras. Esta teria sido a primeira ONG a visitá-lo desde que está na prisão. Também para ela a decisão é “ridícula” e a própria prisão é “um escândalo a todos os níveis”.
Access denied! At the last minute, the governor of Belmarsh Prison in London prevented RSF from visiting #JulianAssange despite official permission having been granted.@cdeloire @rebecca_vincent @wikileaks @Stella_Assange#FreeJulianAssange
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— RSF (@RSF_inter) April 4, 2023
Os RSF apelam igualmente à sua libertação, para além de quererem que os Estados Unidos acabem com “as suas perseguições judiciais”. Rebecca Vincent, diretora de operações e campanhas dos RSF, acrescenta que este episódio é apenas o último capítulo de “uma longa série de obstáculos perante os quais fomos confrontados durante estes três últimos anos de campanha pela libertação de Julian Assange. A cada etapa, as autoridades britânicas optaram pelo segredo e pela exclusão, em vez de permitir o caso desenvolver-se normalmente”. Exemplifica-se isto com “a recusa de aceitar as petições dos RSF” por parte do governo britânico, em setembro de 2020 e em maio de 2022, e “a quase interdição de acesso às audiências”. A presença de representantes dos RSF foi sistematicamente dificultada. Um dos argumentos nessa ocasião era o inverso ao agora apresentado: não seriam jornalistas mas representantes de uma organização pelo que não poderiam ser acreditados durante o julgamento.
Assange é acusado de ter publicado mais de 700.000 documentos confidenciais norte-americanos, na página Wilileaks, parte deles permitiram compreender melhor a atuação da diplomacia e dos militares dos EUA nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Perseguido judicialmente, esteve sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres. Nos último quatro anos tem estado preso na prisão de alta segurança de Belmarsh, esperando a uma extradição para os Estados Unidos que poderá resultar numa condenação a mais de 150 anos de prisão.