A proposta de conclusões da comissão de inquérito ao BPN, elaborada pelo PSD, diz respeito apenas à gestão do banco pelo Estado após a nacionalização. O relatório defende que o preço de venda do BPN ao BIC, 40 milhões de euros, foi o possível e que a intervenção do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, evitou a liquidação do banco.
O deputado do PSD, Duarte Pacheco, assumiu em declarações à agência Lusa que "todos os anos se vão verificar novas imparidades [perdas]" nos ativos do BPN que ficaram a cargo do Estado e que terão de ser refletidas no défice, embora diga ser "difícil" prever quanto vai custar. Para este ano, as previsões são de um impacto no défice de 500 milhões de euros, sendo que no ano passado foi de 1.145 milhões e em 2010 de 1.803 milhões. Só nos últimos dois anos, os contribuintes pagaram pelo banco fundado pelos ex-governantes de Cavaco Silva aproximadamente 3400 milhões de euros.
Para o deputado bloquista João Semedo, o relatório apresentado sta quarta-feira pelo PSD "tem dois pesos e duas medidas", uma vez que é "muito severo para com o Governo anterior e muito condescendente para o atual", procurando mesmo "isentar de responsabilidades" o executivo de Passos Coelho.
O que seria importante saber, acrescenta Semedo, "era como é que o Governo vendeu por 40 milhões de euros um banco quando tinha acabado de gastar mil milhões de euros para o conseguir vender". Uma venda que o Bloco considera ter sido feita "por razões políticas sem racionalidade económica e financeira". Essas razões, na opinião do deputado bloquista, "estão bem documentadas, com a participação do próprio primeiro-ministro nesta operação financeira de venda do BPN ao BIC, de capitais luso-angolanos", acrescentou à Lusa.
Relatório do BPN não esclarece "venda por razões políticas"
03 de outubro 2012 - 15:47
O relatório do PSD sobre a gestão do BPN após a nacionalização não explica porque se vendeu o banco por 40 milhões a capitais luso-angolanos, depois do Estado ter gasto mil milhões para o pôr à venda. E deixa uma certeza: as perdas do Estado com o BPN vão aumentar nos próximos anos.
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Foto Paulete Matos