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Regina Guimarães demite-se do Conselho Municipal de Cultura do Porto

A escritora apresentou a sua demissão na sequência das acusações de censura por parte do Teatro Municipal do Porto. Rui Moreira lamenta decisão, mas fala em “narrativa política”.
Regina Guimarães demite-se do Conselho Municipal de Cultura do Porto
Rui Moreira é responsável pelo pelouro da Cultura desde o falecimento de Paulo Cunha e Silva, em 2015. Fotografia de José Coelho/Lusa.

Regina Guimarães apresentou a demissão do Conselho Municipal de Cultura da Câmara do Porto. A demissão surge na sequência das acusações de censura por parte do Teatro Municipal do Porto (TMP) a um texto de sua autoria.

Em declarações à agência Lusa, a escritora explicou que “a decisão tem a ver com os acontecimentos recentes, com a questão da censura, com o facto de que o próprio conselho parece não ter julgado prioritário reunir-se por uma coisa destas. Não estou lá a fazer nada porque o que a mim parece essencial, não parece essencial ao Conselho. Há aqui uma dessemelhança de conceções do mundo”.

A acusação de censura teve lugar a 3 de fevereiro e em causa estava um texto que acompanhava o espetáculo TURISMO. Nele, Regina Guimarães criticava a noção de cidade líquida de Paulo Cunha e Silva, ex vereador da Câmara Municipal do Porto e falecido em 2015.

O texto fora escrito para integrar a folha de sala - que não chegou a existir - do espetáculo TURISMO, da Companhia A Turma, com texto original e encenação de Tiago Correia que subiu ao palco nos dias 31 de janeiro e 01 de fevereiro no Teatro do Campo Alegre, no Porto.

Na sua reação à polémica, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto e responsável pelo pelouro da Cultura, afirmou manter a total confiança no diretor do TMP. A declaração foi feita no início de uma reunião do executivo e após um encontro informal e privado com Tiago Guedes, diretor do TMP.

“Resta-me ponderar se fará sentido eu permanecer ativa num órgão onde há quem considere indesejável o meu modo de pensar e opinar”, escreveu a escritora que hoje, em declarações à Lusa, confirmou ter tomado a decisão e tê-la transmitido por carta a Rui Moreira.

Regina Guimarães frisou que o órgão ao qual até agora pertencia “não é um órgão decisório”, mas considerou que se este “não produz pensamento sobre liberdade não está a fazer nada, está apenas a avalizar a política cultural municipal”.

“Os órgãos eleitos são eleitos em eleições e não precisam de um enfeite que é por na lapela, um conselho municipal onde não se discute o que é importante”, sublinhou a escritora.

Rui Moreira reagiu à demissão, afirmando lamentar a decisão de Regina Guimarães, que disse ser sempre muito interventiva nas sessões em que participou.

“Compreenderá que não me sinta, eu próprio, condicionado por uma narrativa que, desculpe, pode ter utilidade política mas não corresponde à realidade”, acrescenta Rui Moreira.

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