Reações: “Agora cheira-me a revolução, a mudança”

02 de março 2013 - 23:04

Carlos Mendes diz que “já não se via tanta gente junta há muito tempo”; Arménio Carlos acha que o governo “sabe que está por um fio”; Lima Coelho defende que "estas coisas têm de ter consequências”.

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"Estas coisas têm de ter consequências", diz Lima Coelho, da Associação de Sargentos

O cantor e músico Carlos Mendes disse à agência Lusa que a manifestação deste sábado “era uma coisa impensável” quando, há algumas semanas, integrou o grupo de pessoas que foi cantar a ‘Grândola, Vila Morena’ no plenário da Assembleia da República, interrompendo Passos Coelho.

“Até fico emocionado. Já não se via tanta gente junta há muito tempo”, afirmou, referindo que toda a gente que participou na manifestação “Que se lixe a ‘troika’” “está de parabéns”. E acrescentou: “No desporto costuma dizer-se que cheira a golo. Agora cheira-me a revolução, a mudança”.

Já Vitorino, outro dos artistas que cantaram “Grândola” no palco montado no Terreiro do Paço, em Lisboa, sugeriu ao ministro Miguel Relvas que aprenda a cantar porque, quando tentou entoar a "Grândola", o resultado foi outro: "Aquilo não era cantar, era grasnar. Ele tentava fazer uma piada marialva, ele que vá aprender a cantar bem", recomendou.

Por um fio

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, disse que o governo “sabe que está por um fio” e “tornou-se um problema que impede a solução” para a saída da crise: “Este governo não tem legitimidade política, moral e ética para continuar a governar”, sublinhou.

Por seu lado, o presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, disse esperar que os governantes ouçam a voz dos portugueses. "Estas coisas têm de ter consequências. Isto não pode continuar levianamente, sem qualquer tipo de consequência, sem que o governo ouça o que as pessoas estão a dizer", afirmou. E recordou que "contrariamente ao que muita gente gosta de fazer crer, [nem] o primeiro-ministro, nem os banqueiros, nem outros que tais, não são os patrões deste país, somos todos nós", disse à Lusa.

Protesto terá consequências

O eurodeputado do PCP João Ferreira disse que a manifestação foi uma afirmação da exigência da demissão do governo: "Estamos perante uma torrente que cresce, que engrossa, e que vai continuar nos próximos dias, com essa exigência, dar a palavra ao povo perante um governo que há muito tempo perdeu a sua legitimidade", afirmou à Lusa, afirmando-se certo de que o protesto "terá consequências".

Já os deputados do PS Pedro Nuno Santos e Duarte Cordeiro afirmaram esperar que as manifestações de hoje tenham como efeito a queda do governo, considerando que os portugueses mostraram que foi ultrapassado o limite.

"Não tenho dúvidas de que as manifestações têm um grande impacto junto de quem tem o poder. Já foi assim no dia 15 de setembro, em que as manifestações derrotaram as alterações à Taxa Social Única, e espero que esta manifestação tenha um efeito ainda maior, que tenha como efeito a queda deste governo", disse Pedro Nuno Santos.