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PSP tenta censurar produção de série televisiva

A PSP anulou uma entrega de fardas para a rodagem de uma série televisiva depois do produtor e argumentista terem recusado alterações ao argumento propostas pela direção nacional.
"Como será a partir de agora possível abordar de forma realista problemas como a corrupção, o uso excessivo da força, a infiltração da extrema-direita ou a simples negligência, nas forças policiais?", pergunta a associação. Foto de Paulete Matos.
"Como será a partir de agora possível abordar de forma realista problemas como a corrupção, o uso excessivo da força, a infiltração da extrema-direita ou a simples negligência, nas forças policiais?", pergunta a associação. Foto de Paulete Matos.

A Produtores de Cinema Independente Associados repudiou o que define como uma “mal disfarçada tentativa de intromissão” da direção nacional da PSP na produção da série “Causa Prória”, de Edgar Medina e Rui Cardoso Martins.

"A direcção nacional da PSP arrogar-se o direito de interferir em obras de criação e ficção, indo até ao ponto de sugerir diálogos e personagens 'alternativos'; não tem outra qualificação possível que não a de censura", acusou a associação.

A associação de produtores de cinema apelou à direção nacional da PSP para que colabore na produção para a RTP. Sem a colaboração da PSP, a produção fica em causa uma vez que o recurso a equipamento ou fardamento na série "não conforme" à imagem oficial da PSP descredibiliza "totalmente o trabalho de produção cinematográfica e audiovisual".

"Não compete à PSP pronunciar-se sobre o conteúdo dramático de uma série. É uma tentativa clara de censura e de condicionamento da criação artística", afirmou Edgar Medina ao Expresso.

A associação relembra que as outras forças de segurança “têm sido desde sempre uma preciosa colaboração na produção de cinema e audiovisual”, e exigem que a direção nacional da PSP reverta a decisão.

Sendo compreensível que a PSP "tenha conhecimento dos guiões das produções que solicitam a sua colaboração, para evitar a utilização da sua imagem em obras que incitem à violência ou façam apologia do racismo ou sejam de teor pornográfico", não deixam de considerar "absolutamente incompreensível" uma interferência de conteúdo.

"Como será a partir de agora possível abordar de forma realista problemas como a corrupção, o uso excessivo da força, a infiltração da extrema-direita ou a simples negligência, nas forças policiais?", pergunta a associação.

"Causa Própria" é uma série de ficção sobre justiça, terá oito episódios, inspirada nas crónicas "Levante-se o réu", de Rui Cardoso Martins.

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