Catarina Martins esteve esta segunda-feira com os trabalhadores dos bares dos comboios da CP, que ficaram sem receber salário há três meses por causa de dívidas da concessionária ao fisco. Entretanto o Governo anunciou a rescisão de contrato com a concessionária dos bares e que iria abrir novo concurso, mas nem os bares voltaram a abrir nem os trabalhadores voltaram a receber o salário.
“Hoje estava marcada uma reunião na CP que podia ter resolvido o problema, a reunião foi cancelada. A Autoridade para das Condições do Trabalho está a agir, o Governo não está a cumprir a lei e é preciso que toda a gente saiba que há 130 trabalhadores de salário mínimo há três meses sem salário porque o Governo não cumpre a lei, a lei obriga o Governo a pagar os salários a estes trabalhadores”, disse a coordenadora bloquista.
Concentração dos trabalhadores dos bares da CP em frente à estação de Campanhã, no Porto. Foto Esquerda.net
Programa de Estabilidade de Medina “é o que qualquer partido da direita apresentaria"
Questionada pelos jornalistas sobre a apresentação do Programa de Estabilidade 2023-2027 por parte do ministro das Finanças, que revê em alta o crescimento da economia para 1,8% este ano e a inflação para 5,1%, Catarina Martins respondeu que este programa “é não só o que qualquer partido da direita apresentaria como é uma verdadeira irresponsabilidade no momento de crise em que vivemos, em que falta tanto na Saúde, nas escolas, na Justiça, nos transportes, e o Governo continua a fazer de conta que vive num outro país que não este”.
Catarina resumiu os três dados essenciais do programa apresentado por Fernando Medina. “O primeiro é que a economia cresce, os preços continuam a subir, mas os salários continuam a perder poder de compra, e sobre isso não há uma única medida eficaz”, destacou. “Em segundo lugar, vemos que se mantêm exatamente as mesmas metas de défice, o que quer dizer que investimentos fundamentais na Saúde, na Educação, na Justiça, nos comboios não vão ser feitos, o que quer dizer, em terceiro lugar, que o que Fernando Medina anunciou hoje é o que qualquer ministro das Finanças da direita podia anunciar”.
Para o Bloco de Esquerda, o que o Governo devia fazer desde já era “decidir investir fortemente nos serviços públicos que estão com dificuldades e resolver os problemas que neste momento”. E por outro lado, aumentar os salários acima da inflação, pois se “os salários vêm a perder poder de compra há muito tempo e se a inflação está a abrandar, isso quer dizer que os preços continuam a aumentar mas mais devagar. Ou havia uma decisão clara de aumento de salários e de pensões já, ou o que estamos a dizer que o país vai continuar a empobrecer e as desigualdades vão continuar a aumentar”, concluiu.
Assim, ao invés de um Governo que vive num “país absurdo”, a coordenadora bloquista defende que “é preciso um Governo que olhe para a realidade concreta de quem trabalha, de quem constrói o pais e que dê respostas: investimento na saúde, na habitação, nos transportes, onde é necessário e aumento de salários, controlo de preços”.
“A única forma de defender o pais neste momento é a contestação social pelo que é concreto, pelo salário, pela habitação, pela justiça”, rematou.