O presidente interino do Peru, Manuel Merino, pediu a demissão neste domingo depois de um ultimato do Congresso e da grande pressão nas ruas. A saída surge cinco dias após ter assumido o cargo na sequência da aprovação parlamentar da destituição de Martín Vizcarra do cargo de chefe de Estado peruano.
Segundo o El País, o Congresso anunciou que caso Merino não se demitisse iria marcar uma sessão para o efeito. Esta demissão foi antecedida por uma semana com inúmeros protestos e a morte de dois manifestantes e 68 feridos, desencadeando a demissão de dois terços do seu governo.
Merino declarou que “neste momento em que o país atravessa uma das maiores crises políticas, apresento a minha demissão ao cargo de Presidente da República” e acrescentou que “acredito na luta frontal contra a corrupção, os corruptos não podem representar-nos, acredito que o poder é para servir os outros e não a poderes subalternos”.
A crise política no Peru agravou-se consideravelmente depois da morte de dois manifestantes de vinte anos e de dezenas de jovens feridos após a forte repressão policial no centro da capital, Lima.
Na terça-feira, Martín Vizcarra acabou por sair depois de uma acusação de corrupção e foi substituído por Merino, com a aprovação do Congresso. Mas o novo Presidente foi considerado como ilegítimo pela população e até rejeitado por uma parte da comunidade internacional.
De sábado para domingo, pelo menos 13 dos 18 ministros de Merino apresentaram a demissão. O ultimato do Congresso a Merino é o resultado de uma negociação política entre os grupos parlamentares depois da indignação generalizada após a forte repressão policial nas manifestações contra o governo.
O advogado de um dos manifestantes assassinados pela polícia referiu que “Bryan deixou de estudar Direito por falta de dinheiro, trabalhava ajudando o pai na construção civil. Foi vítima de dez balas, e a Procuradoria abriu uma investigação por crime de lesa humanidade. Não mataram um qualquer, é um peruano que lutava pela democracia”.
Os jovens manifestantes denunciavam que a destituição de Vizcarra era uma manobra para repartir cargos políticos e a rutura da independência de poderes.