Presidente do Eurogrupo reconhece erros no plano de resgate da Grécia

19 de março 2012 - 11:47

Numa entrevista a um jornal grego, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, admite agora que a Zona Euro não olhou com atenção para o problema do crescimento económico na Grécia e que se preocupou sobretudo com o problema financeiro.

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Os gregos já o disseram insistentemente nas ruas, mas agora o Presidente do Eurogrupo admite: Nada está a ser feito “além de cortes e de reduções de benefícios sociais”. Foto de ALEXANDROS VLACHOS/EPA/LUSA.

Juncker reconhece erros de estratégia, embora continue a defender o programa de ajustamento na Grécia. Insiste, contudo, que um país não pode acumular défice sobre défice. O seu discurso de combate à crise tem sido próximo do da Alemanha, mas não se coíbe agora de criticar a opinião pública alemã por julgar os erros da Grécia. Em entrevista, o líder do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, assume falhas de orientação do primeiro resgate grego e reconhece que a missão externa em Atenas não deu atenção ao crescimento.



Na entrevista ao jornal de Atenas Kathimerini, Juncker lamentou o agravamento das condições de vida na Grécia e considerou que tinha sido mais lógico focar desde o início do programa de ajustamento o problema do crescimento económico. “Penso que não nos focámos suficientemente sobre a dimensão do crescimento” quando foi acordado, em Maio de 2010, o primeiro programa de ajustamento financeiro. “Insistimos muito sobre a consolidação orçamental”, sem ser deixada outra alternativa ao Governo então liderado por Georgios Papanderou, confessou ao jornal grego, citado pelo Público.



Juncker, primeiro-ministro luxemburguês e responsável pela pasta das Finanças, revela agora ter sentido receio sobre o futuro da Grécia quando as reacções dos mercados financeiros se tornaram “irracionais” – a expressão é sua – ao ponto de, a determinada altura, pensar que a resposta política não saberia estar à altura do problema.



Os gregos já o disseram insistentemente nas ruas, mas agora o Presidente do Eurogrupo admite: Nada está a ser feito “além de cortes e de reduções de benefícios sociais”.



Para o líder do fórum que reúne os ministros das Finanças da zona euro, algum cepticismo da Alemanha em relação ao caso grego deve-se “à própria agenda interna”.

Jean-Claude Juncker deixa implícito não partilhar desta visão, porque a sua, sublinha, é que a Grécia “é uma grande nação” e os gregos “um povo nobre”. “Somos parceiros, não inimigos”. Nesta entrevista, considera ainda que “para revitalizar a sociedade grega” é preciso “fazer mais do que repetir a mesma mensagem dia-após-dia”.



Insistindo-se numa tendência, também o novo chefe da missão do FMI na Grécia, Paul Thomsen, deu uma entrevista ao semanário grego To Vima, citada pela AFP, na qual reconhece, olhando para trás, que algumas alterações que foram levadas a cabo deviam ter sido feitas de forma diferente.



Por exemplo, Thomsen diz que o programa grego estava muito baseado no aumento de impostos quando devia estar mais focado na redução da despesa pública.