A Confidencial Imobiliário (CI) avançou que os preços das casas em Portugal Continental registaram em fevereiro a maior subida mensal em mais de um ano.
Segundo a consultora especializada em dados estatísticos do setor imobiliário, em fevereiro os preços aumentaram 13,6% em relação ao mesmo mês em 2024, salienta que é a maior valorização homóloga mais elevada desde setembro de 2023. Também na comparação face ao mês anterior, ou seja, a janeiro, registou-se um aumento de 2,1%, sendo a “maior subida mensal em mais de um ano”.
O índice da CI, o qual reflete a evolução dos preços da habitação com base nos valores das transações no mercado imobiliário, sublinha também o aceleramento das vendas. Por exemplo, em Lisboa os preços da habitação aumentaram 5,5% em 2024 e as vendas cresceram 13,8%, enquanto no Porto os preços aumentaram 7,8% e as vendas 19%.
As causas subjacentes a esta tendência ainda carecem de uma análise pormenorizada, mas não será irrelevante o aumento do crédito à habitação decorrente das medidas excecionais aprovadas pelo Governo de apoio a jovens, nomeadamente a isenção de IMT e imposto de selo e garantia pública do Estado. Segundo o Banco de Portugal, o novo crédito à habitação própria aumentou 32% em 2024 e 43% foi concedido aos jovens até 35 anos.
O Bloco de Esquerda posicionou-se contra estas medidas alertando para o risco do aumento dos preços e por se direcionarem a um segmento limitado da população.
Porto: gentrificação aumenta solidão, depressão e piora saúde física dos residentes
O projeto HUG, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, é um projeto de investigação do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) que durou quatro anos e que se centrou no impacto da gentrificação urbana, insegurança habitacional e deslocamento forçado da população residente no Porto.
Porto
Bloco considera Carta Municipal de Habitação “tardia, enviesada e insuficiente”
A informação recolhida sobre estas novas dinâmicas na cidade foi agrupada em seis grandes temas. Primeiro, o aumento associado da população flutuante (turistas ou estudantes) trouxeram "mais ruído, poluição, stress e sérias dificuldades de mobilidade". Depois, a dificuldade de acesso a habitação empurrou os residentes para a periferia, o que "enfraqueceu laços sociais e gerou consequências graves" na saúde e qualidade de vida, sobretudo dos mais velhos.
O estudo assinala ainda que as mudanças no comércio local "reduziram o acesso a bens essenciais", afetando sobretudo idosos e pessoas com menor mobilidade, enquanto a perda do sentido de lugar "causou alienação, mal-estar psicológico e, em alguns casos, um ressentimento potenciador de violência". Salienta assim que
"estas mudanças socioeconómicas aumentaram as desigualdades, impactando negativamente a saúde publica e, particularmente, a saúde das populações mais vulneráveis",
Das testemunhas ouvidas "muitos relataram sentimentos de desenraizamento e perda de suporte social, com casos de depressão e até mesmo relatos de morte precoce entre a população deslocada".