“Poupança com colégios privados é um reforço da Escola Pública”

05 de junho 2016 - 20:19

Catarina Martins esteve neste domingo na Feira do Livro, em Lisboa, onde apelou à participação na manifestação no dia 18, em defesa da Escola Pública. Reagindo ao apelo de António Costa, a porta-voz do Bloco referiu que o partido faz parte do consenso contra as sanções de Bruxelas.

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A porta-voz do Bloco apelou à participação na manifestação em defesa da Escola Pública, no próximo dia 18, às 14.30 horas no Marquês de Pombal, em Lisboa

“A Escola Pública deve ser uma luta para todos. A Escola Pública é importante para toda a democracia. Fez-se um trabalho importante para acabar com rendas a colégios privados onde não se justificava e não gastar o dinheiro que não deve ser gasto. Mas agora é importante que essa poupança com colégios privados seja um reforço da Escola Pública, porque a Escola Pública precisa de fazer mais, precisa de fazer melhor, precisa de mais meios”, afirmou a porta-voz do Bloco de Esquerda na Feira do Livro em Lisboa.

“Eu percebo que os pais gostariam de manter o Estado a pagar o colégio privado. Mas não pode ser e as pessoas percebem que não pode ser. Onde não há escola pública, claro tem que ser – não podemos deixar ninguém sem escola. Crianças que estão a meio do seu ciclo, que vão do 7º para o 8º ou do 8º para o 9º, claro que ninguém as vai obrigar a mudar de escola a meio do ciclo e vão poder acabar o ciclo e só depois mudam. Portanto, com todo o respeito pelas famílias é preciso arranjar as condições de estabilidade dos percursos educativos, mas como toda a gente percebe ao Estado não cabe pagar rendas aos colégios privados, cabe sim reforçar os meios da Escola Pública”, salientou Catarina Martins.

A deputada sublinhou ainda que “há problemas na Escola Pública” e, que por isso ela “precisa de mais meios” e “nós dizemos que depois de conseguir deixar de pagar rendas a colégios privados onde não se justifica, então está na hora de exigir que todos os meios vão para a Escola Pública. Essa segunda parte tem que ser feita ainda e exige a mobilização de todos e de todas em nome da Escola Pública”.

A porta-voz do Bloco apelou à participação na manifestação em defesa da Escola Pública, no próximo dia 18, às 14.30 horas no Marquês de Pombal, em Lisboa. “Não é uma manifestação de professores é uma manifestação de todos aqueles e aquelas que, professores, mas não só, alunos e famílias, todos os que no país consideram que a Escola Pública é importante. Estamos aqui na Feira do Livro. Livro rima seguramente com educação para apelar a essa mobilização”, realçou ainda Catarina Martins.

Questionada sobre valores, a deputada disse que estudos apontam “que seria possível uma poupança na ordem dos 15 milhões por ano se não houvesse redundâncias. Mas nós sabemos que só num ano não se acabam com todas as redundâncias que é para não obrigar crianças que estão a meio do ciclo (do 5º para o 6º, do 7º para o 8º) a mudarem de escola. E, portanto, é preciso ter algum cuidado, é previsível que a poupança no primeiro ano talvez seja um pouco abaixo desses valores”.

“Esperamos naturalmente que o governo anuncie esses valores entretanto e o que é importante garantir é que esse dinheiro que é poupado não serve para fazer favores a Bruxelas sobre metas do défice serve sim para ser investido na Escola Pública, que é onde o dinheiro precisa de estar”, rematou Catarina Martins.

"O Bloco faz parte do consenso contra as sanções de Bruxelas”

Questionada pelos jornalistas sobre o apelo de António Costa, já enunciado pelo Presidente da República, para uma aprovação unânime de uma resolução no parlamento contra a aplicação de sanções a Portugal, Catarina Martins respondeu que “o Bloco de Esquerda faz parte de um consenso contra as sanções de Bruxelas.

"Bruxelas dizia que a austeridade era ser bom aluno. E agora quer sancionar aquilo que foi feito de acordo com o que dizia?", questionou Catarina, acrescentando que austeridade já foi sancionada pelo eleitorado “no momento em que votaram para ter outra maioria no parlamento e outro Governo".

“Sanções à austeridade decide quem aqui vive e já decidiu nas urnas", concluiu, atribuindo o impasse europeu sobre as sanções a uma tentativa de condicionar as eleições em Espanha. “É triste que assim seja. Acho que Portugal não deve passar a ser subserviente ou ter medo de uma chantagem que é feita. Esse nunca é um caminho", afirmou.