A área afetada pela Doença Hemorrágica Epizoótica (DHE) já abrange quase todo o país, com 14 explorações com casos positivos. Trata-se de uma doença viral que afeta os ruminantes, com sintomas como lesões na mucosa da boca, inchaço por todo o corpo, dificuldade em caminhar, salivação, diarreia com sangue e febre. A doença é transmitida por mosquitos, não infeta humanos e não existe atualmente vacina nem cura para a DHE.
Em dezembro de 2022, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária proibiu os movimentos de bovinos, ovinos e caprinos da área então afetada - praticamente a metade sul de Portugal - com destino a países da União Europeia. Mas nenhuma restrição foi colocada à exportação de animais vivos para países extra-comunitários.
Israel é o maior importador de animais vivos com origem em Portugal e desde a proibição da DGAV já saíram 46 navios de portos portugueses, transportando 93 mil bovinos e 235 mil ovinos. Esta quinta-feira, o Ministério da Agricultura de Israel afirmou que tinha exigido a Portugal que fossem exportados apenas animais provenientes de áreas não afectadas e que estes animais fossem sujeitos a um período de quarentena, "o que não corresponde às medidas anunciadas pela DGAV", alerta o deputado bloquista Pedro Filipe Soares na pergunta enviada à ministra da Agricultura.
O Bloco de Esquerda questiona o Governo sobre se os animais exportados desde dezembro foram sujeitos a alguma quarentena, tal como exigido por Israel e desafia o Ministério a alargar a suspensão das exportações aos países extra-comunitários, de forma a limitar a propagação da doença.
A Plataforma Anti-Transporte de Animais Vivos (PATAV) reagiu às notícias divulgadas em Israel considerando "surpreendentes" as afirmações do Ministério daquele país de que os animais que recebera seriam de áreas não afetadas. "Graças às fotos recolhidas pela Israel Against Live Shipments, comprovou-se que os animais chegados no navio Ganado Express, que saiu de Sines após o início das novas regras, pertenciam à empresa Monte do Pasto, situada perto do epicentro da doença".
"Será que Israel está disposta a receber animais doentes, arriscando-se a aumentar o número de casos no seu país?", questiona a PATAV, concluindo que estas "mentiras" têm apenas como finalidade "tentar manter a confiança dos consumidores neste negócio sujo".