Portugal sentado “numa cadeira a ferver”

10 de janeiro 2011 - 11:16

O Wall Street Journal prevê que dificilmente o país conseguirá evitar recorrer ao FMI. Apesar de desmentidas, pressões da Alemanha são reais.

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Portugal está sentado “numa cadeira a ferver”, diz o Wall Street Journal, acrescentando que o país está a travar uma luta difícil para tentar convencer os mercados de que tem estrutura suficiente para ultrapassar a crise.

Apesar de desmentidas pelo governo alemão, as pressões para que Portugal recorra aos empréstimos do Fundo europeu e do FMI aumentaram nos últimos dias. No sábado, a revista alemã Der Spiegel adiantou que os governos alemão e francês estarão a pressionar Portugal para que o país recorra à ajuda financeira internacional o quanto antes, de modo a evitar que a crise da dívida portuguesa se alastre a outros países. Sem citar fontes precisas, a Spiegel afirma que "peritos" dos governos da Alemanha e da França esperam que Portugal se coloque sob a assistência da União Europeia para evitar um contágio da crise da dívida para Espanha ou Bélgica.

A opinião é partilhada pelo chefe do gabinete de estudos económicos do Deutsche Bank, Thomas Mayer: “Olhando para o comércio de títulos da dívida pública portuguesa, acho, no entanto, que não vão conseguir ganhar a confiança suficiente dos mercados para poderem agir autonomamente", disse o analista à agência Lusa, considerando que, "por isso, é melhor agirem rapidamente, e requerem ajuda de forma pró-activa".

Para Mayer, o problema de Portugal é ter tido taxas de crescimento inferiores à média da zona euro, e pouco acima do um por cento, desde 2001.O analista mostrou-se céptico em relação à possibilidade de Portugal escapar ao destino da Grécia e da Irlanda, graças à compra de obrigações do tesouro pela China,

“Acho que isso não resolve o problema, o interesse da China é, no fundo, um lance de xadrez político muito hábil, para conseguir investimentos em empresas e infra-estruturas no mercado europeu, o que está impedida por lei de fazer nos Estados Unidos”, comentou, acrescentando: “Não consigo imaginar que a China esteja interessada no mercado português de 'bonds', porque face aos 1,5 biliões de dólares que eles têm para aplicar, é demasiado pequeno e desinteressante”, disse.