O governo lançou um fundo de apoio ao setor das pescas no valor de três milhões de euros. Mas o montante não chega segundo várias dezenas de manifestantes que marcaram presença esta sexta-feira no porto da Póvoa de Varzim.
Cada um dos presentes, representava uma embarcação de pesca tradicional. Ou seja, em média, mais dez pessoas, dizem. A maior parte do norte do país. À Renascença, um dos organizadores da manifestação, Manuel Marques, da Associação de Pescadores do Litoral Norte, explicava as razões do protesto: “os apoios que vão ser dados à pesca não vão chegar para as embarcações que trabalharam durante a pandemia”. Isto porque o montante “vai ser dividido por outro setor, que é o cerco, que já estava parado desde janeiro e ia continuar parado, em épocas normais, até 1 de junho. Não ia sentir a pandemia”. A paragem da pesca de cerco acontece por razões ecológicas, não relacionadas portanto com a pandemia.
O sentimento de injustiça destes pescadores fica portanto a dever-se ao facto do apoio não “chegar para o setor da artesanal, que é o setor que está a trabalhar e a lutar para colocar peixe fresco na mesa dos portugueses”. Ou seja, a quem “colocou a família em risco e continuou a trabalhar”, acrescenta o mesmo responsável associativo à TVI. Dizem que a pesca tradicional “está a sentir-se um bocado atraiçoada pelo governo que está a dizer que os apoios não vão chegar a todos.”
Os problemas devem-se ao facto do preço a que vendem o peixe ter baixado “em média 50%”, colocando a pesca tradicional em apuros. Falam “em consenso” entre os presentes para, na próxima terça-feira, “parar as embarcações e fechar todos os portos de pesca” em que trabalham.